Na sua segunda longa-metragem, Gore Verbinski conseguiu a proeza de juntar Julia Roberts (ainda antes do Óscar, note-se) e Brad Pitt, duas das estrelas mais cotadas de Hollywood. Nada mau para um realizador cujo primeiro filme, "Mouse Hunt", era protagonizado por um roedor de jeans largueirões, mas, nem por isso, o resultado é mais dignificante. Para comédia, é demasiado esquizofrénico: poderão vislumbrar-se no filme rasgos de "screwball" entre o par eternamente desavindo, mas os actores - não admira - devolvem prestações pouco inspiradas (Roberts no papel de namorada obcecada com as terapias de grupo, Pitt no de vigarista ingénuo). Em todo o caso, a suposta comédia romântica é atravessada pela acção passada essencialmente no México, como se Nora Ephron ("Sintonia de Amor") e Robert Rodriguez ("Desperado") se tivessem subitamente cruzado. O maior mérito do filme são mesmo os flashbacks paródicos da lenda sobre a velha pistola que Pitt é encarregado de trazer para um mafioso que, por sua culpa, foi parar à cadeia. Há uma "tagline" apropriadíssima no filme: "quando é que se diz basta?" Neste caso, sempre.
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