João Penalva representa Portugal na Bienal de Veneza

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João Penalva vai levar à Bienal de Veneza uma instalação de vídeo, fotografia, objectos e textos intitulada «R» DR

Pedro Lapa sublinhou à Lusa a importância da presença continuada de Portugal nestes eventos, "fundamental para a internacionalização dos artistas portugueses". João Penalva foi escolhido por Pedro Lapa, director do Museu do Chiado, em Lisboa, para representar Portugal na Bienal de Veneza, que vai decorrer em Itália, de 10 de Junho a 30 de Outubro.Pedro Lapa justificou a escolha considerando que ela reflecte a ênfase que Penalva tem dado às vanguardas modernistas e à arte contemporânea, nomeadamente na linha das artes mais críticas. "Considero que o trabalho deste artista é de grande qualidade e coloca questões significativas no panorama da arte contemporânea", defendeu Pedro Lapa, observando ainda que João Penalva recorreu à instalação não por uma questão de moda mas porque é uma criação "bastante compósita, que se rege pela preocupação de desarticular categorias estabilizadas".
Sobre o trabalho será publicado um catálogo e um livro, materias promovidos pelo Instituto de Arte Contemporânea, que organiza, pela terceira vez, a participação portuguesa na Bienal.
A instalação de Penalva vai ocupar cinco salas do Palazzo Vendramin dei Carmini. Mais uma vez Portugal não vai ter um pavilhão próprio, "produto de uma política anterior desleixada, que não investia na divulgação da arte contemporânea portuguesa", segundo Pedro Lapa. "As autoridades portuguesas estavam interessadas já desde a última bienal em ter uma galeria própria, mas agora são as autoridades italianas que não estão interessadas em alargar o recinto do evento", explicou o comissário português.
No entanto, segundo Pedro Lapa, apesar de não possuirem um pavilhão próprio, "os portugueses têm tido sempre presenças surpreendentes e marcantes, sustentados também por um investimento significativo em criar bons livros sobre os artistas e na qualidade da apresentação".
A instalação de João Penalva cria uma narrativa em torno do enredo da ópera "Die Meistersinger von Nrnberg", de Richard Wagner, na qual o jovem aristocrata Walther von Stolzing, que aspira a ingressar na corporação dos Mestres Cantores, deverá, respeitando as regras estritas da corporação, interpretar uma nova canção de sua autoria. O título da obra - "R" - é uma alusão à forma como Cosima Wagner, que abandonou o primeiro marido e os filhos para viver com Richard Wagner, se referia invariavelmente ao célebre compositor nos seus diários.

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