"Temos a certeza de que João Pedro Rodrigues realizou o grande filme homossexual desta época, a colocar ao lado de 'Un chant d'amour', de Jean Genet; de 'Pink Narcissus', filme atribuído a Kenneth Anger; e de 'Querelle', de Fassbinder, que cada um à sua maneira contribuem para a edificação de um cinema que é gay, mas também obra de arte", escreve Olivier Séguret no "Libération"."O Fantasma" é a primeira longa-metragem de João Pedro Rodrigues (35 anos), realizador que já se tinha distinguido com a curta "Parabéns".
O fantasma é Sérgio, um homem que passa o dia quase todo a dormir, vive numa pensão e à noite vai trabalhar. É um homem do lixo da Câmara Municipal de Lisboa.
O filme, sobre o desejo e a insatisfação do desejo, mostra, segundo o crítico do "Libé", um cinéfilo bem instruído, onde é possível reconhecer a história secreta do cinema homossexual, a vanguarda alemã dos anos 70 (Schroeter, von Praunheim) ou mesmo a escola poética de Cocteau.
"'O Fantasma' é sobretudo um grande filme sobre a homossexualidade masculina e, por conseguinte, um grande filme sobre a sexualidade humana, os seus impasses, a sua fúria, as suas pulsões mórbidas e a sua impetuosidade", escreve Olivier Séguret.
O crítico considera ainda que não é inofensivo que o filme seja português, uma vez que Portugal é uma das últimas grandes cinematografias vivas, sem ter, no entanto, nunca produzido um filme desta natureza.
"O cinema português é frequentemente sublime, mas nunca tão carnal, nem tão firmemente sexual. É uma óptima novidade para todos os pares de João Pedro Rodrigues: um lobo pérfido entra no seu tão belo redil", conclui Séguret.
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