TVI completa hoje oito anos de vida
"A TVI não vai comemorar os seus oito anos de existência com nenhuma festa, apenas com o trabalho do dia-a-dia e alguns convívios internos. De resto, a festa vai ser no ecrã, com a estreia da série "Olhos d'Água" e com um especial de aniversário durante a tarde, no programa 'Batatoon'", confirmou ao PUBLICO.PT António Monteiro Coelho, director das relações exteriores da TVI.Em jeito de balanço, a mesma fonte, que veste a camisola da TVI desde o primeiro momento, explicou que a estação vive actualmente um sentimento de "confiança" e de "muita satisfação com os resultados obtidos nos últimos meses" e com o percurso crescente da TVI, após alguns períodos mais conturbados.
No dia 20 de Fevereiro de 1993, a TVI arrancou com um programa alargado sobre a apresentação da estação, seguido de um bloco informativo apresentado por Clara de Sousa, o primeiro "rosto" da TVI.
Em relação aos princípios cristãos que inicialmente norteavam a linha editorial da televisão, Monteiro Coelho afirma que "os princípios, apesar de já não estarem em uso, continuam a figurar nos estatutos editoriais porque são princípios de respeito, liberdade e de isenção que mesmo os não católicos seguem". No entanto, esclarece a mesma fonte, os princípios de obrigação para com a Igreja foram caindo "apesar de não ter sido necessária nenhuma revolução interna" para que tal acontecesse.
Contando inicialmente com a colaboração de 200 pessoas, hoje a TVI agrupa cerca de 330 funcionários.
Da "Amiga Olga" ao "Big Brother" A TVI (Televisão Independente) foi fundada no dia 25 de Março de 1991, compreendendo entidades ligadas à Igreja Católica Portuguesa, tendo as emissões começado oficialmente no dia 20 de Fevereiro de 1993. Inicialmente de inspiração e tutela cristãs, a TVI depressa se rendeu aos programas de entretenimento e aos filmes mais despudorados em favor das audiências. O concurso "O Jogo do Ganso", no qual as apresentadoras apareciam com vestidos potencialmente "menos próprios" e certos filmes como "O Príncipe das Marés" chegaram a escandalizar alguns sectores da opinião pública, nomeadamente os católicos. Porém, nem assim a TVI conseguiu agarrar os telespectadores - apesar do esforço de contratação de Albarran e de Manuel Luís Goucha - e por altura do primeiro aniversário os problemas eram tão grandes - devido às demissões na direcção de informação e à crise financeira - que José Nuno Martins, então director de programas, mandou cancelar a festa de aniversário, facto que lhe valeu a instauração de um inquérito por parte de Roberto Carneiro, na altura presidente da estação. Apresentando inicialmente uma audiência nacional de 0,8 por cento, a TVI foi-se afirmando lentamente - desde "Amiga Olga", "Queridos Inimigos" e "Doutores e Engenheiros" até aos actuais "Big Brother" e "Jardins Secretos", passando por "Ficheiros Secretos", "Seinfeld" e "Ally McBeal" - contando hoje com 29,9 por cento de "share", à frente da RTP1 e no encalço da SIC. Depois da inicial "presença" católica - no capital inicial da estação a Rádio Renascença detinha 12,5 por cento e a Antena 3 espanhola cinco por cento, estando o restante capital disperso por misericórdias, instituições religiosas e investidores individuais -, a Igreja perde o controlo da TVI depois da compra concertada, em 1994, de 45 por cento das acções da estação por investidores estrangeiros. Actualmente, a TVI é detida em mais de 90 por cento por accionistas da Media Capital. Inicialmente dividido entre o nome "TVI" e "Quatro", a partir de Setembro de 1996 a estação optou definitivamente pela primeira hipótese, reforçando a sua escolha com um novo logotipo, que permanece ainda hoje e que se caracteriza por uma esfera com um "i". |