É interessante a ideia motriz de "Sade", e a princípio o filme promete: encerrar o mais famoso libertino da História numa espécie de "prolongamento" do Antigo Regime (a prisão-sanatório de Picpus) e filmá-lo como uma espécie de grande manipulador intelectual e emocional. Entreve-se também um discurso político sobre a História e sobre a revolução francesa que pode ser cativante, mas cedo se percebe que Benoit Jacquot não tem muitas ideias de cinema para lidar com este material. "Sade" cede muito depressa ao tom de "naturalismo acelerado" que dinamita as fundações de tanto filme de época, e torna-se presa fácil para um academismo a milhas do poder transgressor das histórias e das ideias que é suposto transmitir. Reconhece-se a inteligência posta ao servico do filme (sobretudo em termos de argumento) mas também é forcoso reconhecer que essa inteligência é rapidamente domesticada por uma estrutura formal demasiado baça.
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