Tem-se dito que "Missão Impossível II" é menos um filme de acção do que um musical. Como filme de acção, de facto, é extremamente pobre, a milhas da cuidadosa "mise en place" com que De Palma construíra o primeiro filme da série, onde cada sequência era anunciada - e resolvida - com o rigor de uma equação matemática. "Missão Impossível II" será então um musical? À parte uma sequência - a de Sevilha, onde o artificialismo dos decors joga bem com a carga erótica e com o evidente prazer de Woo em brincar com as elipses - em que as coisas funcionam relativamente bem, "Missão Impossível II" constrói-se de forma a que não escape a nenhum espectador que o desejo do filme é ser um musical. Tudo é reiteradíssimo (a perseguição automóvel do princípio dura o tempo necessário para que mesmo o mais lento dos espectadores perceba que a ideia é a de um "bailado de acasalamento"), imaginativamente pobre, e dependente de intermináveis "ralentis" destinados a fazer-nos perceber que ali há intenções de "coreografia". Perceber, a gente percebe, agora vê-la é que é mais complicado - à imagem de Tom Cruise na primeira sequência, "Missão Impossível II" também está a pairar sobre o vazio.
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