É um filme bizarro, indefinível, e essa é a sua melhor qualidade. Wes Anderson filma personagens inadaptadas (os adolescentes tanto quanto os adultos) em cenário de "normalidade" americana e o que lhe interessa é o grão de perturbação escondido por tão aparentemente anódina superfície. Por isso filma cada enquadramento de maneira rigorosa, com um cuidado visual e uma preocupação de composição às vezes inesperada: no limite, é apenas pela relação com o "quadro" que a inadaptação das personagens se decide. O filme de Anderson é ainda curioso pelo jeito quase retraído da sua exposição narrativa, onde cada incursão por terrenos "trash" à la "Doidos Por Mary" é rapidamente mitigada (e menorizada) em favor do regresso ao ambiente melancólico que acaba por reinar. Através de tal procedimento Wes Anderson acaba por trabalhar quase sempre muito bem os sentimentos das personagens e do (in)conformado platonismo das suas paixões: como se acção obrigasse sempre a um regresso à mera contemplação.
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