Mike Figgis, inchado pelo "bruá" à volta de "Morrer em Las Vegas", não desiste de brincar ao "cinema de autor". Ou àquilo que ele entende pela expressão: estilização visual posta ao serviço de um tema "sério" e de mensagem abundante. "A Perda da Inocência" é então um filme sobre as relações afectivas, que vem dizer que se elas são tão complicadas é porque o homem perdeu a comunhão original com a Natureza, logo a inocência (sexual e não só), estando, portanto, condenado a uma existência eternamente desequilibrada. Figgis não resiste a deixar a metáfora bem sublinhada, e em montagem alternada com a narrativa principal figura (benza-o Deus!) Adão e Eva, o pecado original e a expulsão do Paraíso - em sequências que parecem vir de um realizador de anúncios da Benetton apaixonado pela fotografia dos filmes de Sokurov, e onde o ridículo atinge limites dificilmente superáveis. Sob pena de uma crise de nervos, passe-se cuidadosamente ao lado deste "A Perda da Inocência".
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