Torne-se perito

Pontapé de saída

Marco, o mais polémico concorrente do concurso Big Brother, abandonou ontem extemporaneamente a casa depois de ter agredido uma moradora, Sónia, após uma altercação entre ambos. O episódio aconteceu à uma da manhã. Às quatro, Marco deixou a casa. Por causa disso, em breve, haverá uma cara nova no grupo. Não há registo de um caso igual na história do concurso.

O TVI Jornal de ontem, ao princípio da tarde, abriu o seu noticiário com a notícia da expulsão extemporânea de um residente da casa do Big Brother. Marco agrediu Sónia na sequência de uma troca amarga de palavras, pediu desculpas, chorou e saiu. Júlio Magalhães, o pivô, tem a noção clara que do outro lado dos ecrãs de televisão se amontoam multidões à espera de ver as imagens da discórdia, alertados pelas rádios e pelo passa-palavra. A TVI considera que a história da agressão dentro da casa é "o caso do dia" e remete a notícia da recandidatura de Jorge Sampaio à Presidência da República para segundo plano. As imagens, essas, só vão para o ar no final do alinhamento, a fechar o noticiário. Para as legiões de seguidores do quotidiano da casa, a espera compensa. Horas antes, à uma da madrugada, o grupo de oito moradores reunidos na sala comum faz ensaios para cumprir a prova semanal, a encenação da peça "A Relíquia" de Eça de Queirós. As tensões entre Marco, um fervoroso praticante de kick-boxing, e Sónia, uma desempoeirada estudante de Aveiro, há muito que deliciam as audiências da TVI, habituadas a assistir às explosões de carácter do ex-fuzileiro. Sónia, que fazia de contra-regra, faz um reparo a Marco, que reage mal à chamada de atenção, respondendo à letra e virando-lhe as costas. Ela, sentada numa cadeira, responde-lhe com o mais puro calão. Ele reage numa fracção de segundo, desferindo-lhe um pontapé na barriga, que a faz tombar para o chão. Zé Maria e Mário correm a segurá-lo, percebendo que Marco está preparado para continuar a demonstração de kick-boxing, mesmo com a vítima no chão.Sónia levanta-se enquanto Marco cai em si e pede desculpas. Pouco depois, no alpendre da casa, o grupo reúne-se para o acto de contrição, onde o agressor faz acompanhar o discurso de expiação com lágrimas. "Mesmo com o muito que possas ter feito, o que eu fiz não tem desculpa", diz, acrescentando que o sucedido não seria tão grave se tivesse acontecido com um dos rapazes. Mais tarde, Marco abandona a casa depois de conversas com a produção. Não foi bem uma expulsão, foi uma decisão tomada de comum acordo, diz a Endemol. "Se ele não saísse teríamos que o expulsar, mas ele percebeu que não podia ficar", explicou Juan Goldin, da produtora. Todos choram à porta enquanto ele pede aos que ficam que "segurem o barco". Há lágrimas mesmo no rosto da agredida. Ontem a meio da tarde, Marco ainda não tinha regressado a casa. Quando saiu foi observado pelos psicólogos que acompanham o quotidiano dos moradores da casa e estava a "descansar num local tranquilo". Ficará, em princípio, fora dos olhos do mundo até segunda-feira, porque na terça é dado como certo no "talk-show" de Teresa Guilherme. Pode acontecer que só nesse dia - no dia em que sai uma das raparigas nomeadas - entre na casa o suplente que vai substituir Marco e de quem a Endemol não quis revelar nem sequer o sexo. Mas pode também acontecer que passe a porta da casa mais cedo. A situação de agressão durante o concurso é inédita na história mundial do Big Brother. Houve casos de saídas inesperadas, mas nenhuma se deveu a problemas de violência entre os concorrentes. Todas elas deram lugar à entrada em cena de um suplente. Uma pessoa que entre no comboio já em andamento, não leva vantagem em relação aos que estão dentro da casa? "Pode ser uma vantagem por um lado, mas pode ser uma desvantagem por outro", afirma Juan Goldin, porque o novo morador tem 48 dias de relacionamento com os outros membros para recuperar.Com a saída pouco airosa de Marco da casa, o Big Brother perde um dos potenciais vencedores do concurso e uma das figuras mais catalizadoras de grupo, protagonista do primeiro caso amoroso do grupo de que era "o líder", como sublinhou a notícia sobre o caso que a France-Presse pôs a correr pelo mundo.

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