Guitarras em festa
Manuel Barrueco, Eduardo Isaac, Marco Socías, David Russell e muitas outras estrelas da guitarra passarão pela Trofa até dia 28. De acordo com o seu director artístico, o I Festival Internacional de Guitarra, que se inicia esta noite, aspira a ser o "maior evento guitarrístico alguma vez realizado em Portugal."
Enquanto Al Di Meola encerra o VII Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso, à mesma hora (21h30), a escassos quilómetros de distância, Manuel Barrueco abre as portas do I Festival Internacional de Guitarra da Trofa, que se prolonga até dia 28. A concorrência que se gerou entre os dois festivais (ver PÚBLICO de 25-6-2000) acabaria por dar origem a um mês em cheio para a guitarra, instrumento que raramente tem a atenção que merece nas habituais temporadas de concertos, e à reunião de um elenco de luxo, que inclui alguns dos mais ilustres intérpretes internacionais.Com a organização da Comissão Instaladora do Município da Trofa e direcção artística de Litó Godinho, que nos anos anteriores esteve a cargo do Festival de Santo Tirso, o festival tem sido publicitado como "o maior evento de guitarra clássica até hoje realizado em Portugal". O objectivo "é proporcionar uma iniciativa cultural de elevado nível artístico e pedagógico e permitir aos alunos, guitarristas e público em geral, o contacto directo com os grandes referências da guitarra clássica a nível mundial." Por esse motivo, além dos concertos, decorrem paralelamente cursos de aperfeiçoamento e o 1º Concurso Internacional de Guitarra da Trofa, cujo júri é presidido pelo grande guitarrista argentino Eduardo Isaac. Segundo informações do director artístico, "os cursos foram procurados por alunos estrangeiros oriundos de todo o mundo, desde os EUA ao Japão, e no Concurso Internacional estão inscritos mais de 30 candidatos que representam cerca de 20 países diferentes."O concerto de abertura (hoje, no Cine Nova Trofa) estará a cargo do cubano Manuel Barrueco, um dos guitarristas de maior projecção da actualidade, detentor de numerosas gravações para a EMI, que interpretará obras de Lou Harrinson, J. S. Bach, Chick Corea, Carlos Fariñas, Enrique Ubieta e Joaquín Rodrigo. Amanhã, no mesmo local, será a vez do jovem português Júlio Guerreiro (vencedor do 1º prémio no Concurso Internacional de guitarra Fernando Sor, em Roma) oferecer um programa integralmente preenchido com obras do século XX, enquanto no dia 18, na Igreja de São Mamede do Coronado, o uruguaio Eduardo Fernández dará um recital de homenagem a J. S. Bach, com a interpretação de quatro das suites para alaúde.Mas não serão apenas as sonoridades da guitarra clássica a ecoar pelo festival, uma vez que, a 20, no Salão Paroquial de Alvarelhos, António Eustáquio mostrará as potencialidades da guitarra portuguesa, com trechos de Carlos Paredes e da sua autoria, em conjunto com um trio de cordas formado por músicos da Orquestra Gulbenkian. Segue-se a participação de María Esther Guzmán (dia 21, no Cine Nova Trofa) e a música de António Soler, J. S. Bach, C. Guastavino, Leo Brouwer e Joaquín Rodrigo e desse "monstro da guitarra" que é Eduardo Isaac (dia 22, no mesmo local) na interpretação de obras de Tedesco, Takashi, Yoshimatsu, Torroba e J. S. Bach, No dia 23, no salão paroquial de Alvarelhos, será a vez de uma "Noite de Tango", com o Trio " Esquina ", formado por bandoneón, guitarra e contrabaixo, e no dia 25, o espanhol Marco Socías, que aos 21 anos substitui o lendário Narciso Yepes, numa digressão por Itália, toca Leo Brouwer, Toru Takemitsu, Emilio Pujol, Carlo Domeniconi e Regino Sáinz de la Maza. Os dois últimos concertos cabem ao Alexis & Susana Guitar Duo, - a revelação em duo deste ano - que apresenta um interessante programa dedicado a Rameau, Sor, Rodrigo, Albéniz, Bartók e Dosan Bogdanovic (dia 26) e David Russell, considerado por muitos o expoente máximo do seu instrumento, que se apresenta em conjunto com a Orquestra Musicare, dirigida por Cesário Costa. O programa presta homenagem ao compositor e guitarrista Joaquín Rodrigo, falecido no ano passado, e inclui "Zarabanda Lejana y Vilancico" (orquestra) , a "Fantasía para un Gentilhombre", para guitarra e orquestra, e o celebérrimo "Concierto de Aranjuez". Todos os concertos são de entrada livre e têm início às 21.30 horas.