Investigação comum na Europa
Anda espalhado por cinco países da União Europeia e conta com oito institutos de investigação científica e tecnológica. Mas por cá, não é lá muito conhecido. Nem sequer o nome. Por isso, o Centro Comum de Investigação e alguns dos projectos que desenvolve serão divulgados, hoje, junto dos cientistas portugueses.
O Centro Comum de Investigação passa desapercebido para a maioria dos cidadãos da União Europeia, mas é lá que muito das políticas comunitárias ganham alicerces científicos e tecnológicos. Para que o centro não seja um nome oco e distante da vida dos cidadãos e dos investigadores portugueses, a Comissão Europeia aproveitou o facto de Portugal ocupar a cadeira da presidência da União Europeia para mostrar hoje, em Lisboa, o que por lá se faz. O centro é composto por oito institutos, e só na localidade italiana de Ispra, nas margens do lago Maggiore, no sopé dos Alpes, reúnem-se quatro institutos - é aí que, a 13 de Maio, decorrerá outra campanha de divulgação do centro, quando, pela primeira vez, escancarará as portas ao público.Investigadores portugueses também lá os há, e os estudos que se conduzem no centro não estão longe da vida dos portugueses nem dos outros europeus. Prova disso é o ensaio sísmico feito a uma réplica dos claustros do Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa, para que os edifícios daquele género sejam mais resistentes aos tremores de terra (ver caixa).Ou um sistema de identificação electrónica de vacas, ovelhas e cabras, ainda em estudo, mas que, quando for posto em prática nos 15 países da União, garantirá a segurança da carne nos pratos europeus e evitará fraudes nos subsídios comunitários através da criação de uma base de dados comum. Os quase 300 milhões de animais para abate da União Europeia, tantos quantos os seus cidadãos, vão trazer sempre um "chip": ou pregado à orelha, ou dentro de uma cápsula de cerâmica no estômago ou injectado no músculo (este último não está a ter bons resultados nos ensaios, porque o "chip" desloca-se muito e, se não for encontrado no matadouro, acabará mesmo no bife de alguém). Este será, aliás, um dos projectos apresentados em Lisboa. As actividades de investigação do Centro Comum de Investigação (JRC, na sigla inglesa) incluem domínios muito variados, como as normas de segurança de brinquedos, o melhoramentos dos materiais destinados a próteses humanas ou a monitorização da desflorestação e dos incêndios através de sistemas baseados em satélites. A jornada de informação sobre o centro trará a Lisboa cientistas que lá trabalham, incluindo alguns portugueses. João Gonçalves dedica-se às áreas de informação e electrónica e Artur Pinto Vieira à engenharia sísmica, por exemplo. Outros colegas do JRC darão conta do trabalho desenvolvido no domínio da saúde e protecção dos consumidores, medicina nuclear, qualidade do ar, teledetecção e aplicações espaciais e tecnologias limpas. O director-geral do centro, Herbert Allgeier, fará uma apresentação desta instituição que mantém os restantes quatro institutos espalhados pela Bélgica (Instituto de Materiais e Medições de Referência), Alemanha (Instituto de Elementos Transuranianos), Holanda (Instituto de Materiais Avançados) e Espanha (Instituto de Estudos de Prospectiva Tecnológica). Pelos nomes dos institutos em Ispra também se depreende um pouco do que lá se faz: Instituto de Sistemas, Informática e Segurança, Instituto do Ambiente, Instituto de Aplicações Espaciais e Instituto da Saúde e Protecção do Consumidor.No total, o JRC emprega 2500 pessoas, incluindo cientistas altamente qualificados, diz a página do centro na Internet (http://www.jrc.it ). Gasta 300 milhões de euros (60 milhões de contos) provenientes da fatia para a investigação da Comissão Europeia, para a qual funciona como uma base de apoio na definição e acompanhamento de políticas, para além de gerar receitas próprias em troca de serviços científicos a diversas organizações. A ideia da divulgação em Portugal é, sobretudo, estreitar as possibilidades de futuras colaborações entre o centro e os cientistas portugueses, dando à comunidade científica e às indústrias portuguesas uma visão global das actividades do centro. Por isso, o contacto com quem faz ciência em Portugal incluirá ainda visitas ao Instituto Tecnológico e Nuclear, em Sacavém, ao Instituto de Meteorologia, ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil, ambos em Lisboa, e ao Instituto de Tecnologia Química e Biológica, em Oeiras.