A voz de veludo canta tudo
Uma caixa de quatro CD abrangendo a ecléctica e diversificada carreira de uma das melhores vozes da América contemporânea, Linda Ronstadt, mostra uma grande voz e um sentido apurado de profissionalismo, navegando pelas ondas da country, do rock, da pop, do mariachi, da soul e das óperas da Broadway, sem nunca perder a qualidade.
Poucas obras serão ao mesmo tempo tão eclécticas e de tamanha regularidade e qualidade como a de Linda Ronstadt, uma cantora que cresceu na country, amadureceu na pop e nos tem dado provas da sua versatilidade tanto quanto canta mariachis como quando produz óperas na Broadway, canta clássicos com o maestro Nelson Ridgge e a sua orquestra. Ao longo da sua carreira, Linda gravou desde Chuck Berry, a Buddy Holly, Don Henley, Neil Young, Jackson Browne, Elvis Costello, canções mexicanas. Linda nasceu há 53 anos em Tucson, Arizona, filha de um professor mexicano de música. Cresceu a ouvir e cantar Hank Williams e Elvis Presley, representantes máximos da country e do rock'n'roll, afinal os dois estilos que mais marcaram a fase inicial da carreira de Linda. Ainda cantou com as duas irmãs mas foi a mudança para Los Angeles e a criação do trio The Stone Poneys que deu verdadeiramente início à sua carreira. Em 1968, teve o primeiro sucesso com "Different Drum", o que a levou a procurar uma carreira a solo. Nos seus primeiros álbuns, Linda investe na country, embora no terceiro álbum, "Silk Purse", com a colaboração dos músicos dos Eagles, Linda Ronstadt se aproxime já do rock californiano e de autores como Neil Young ou Jackson Browne.Nos dois álbuns seguintes, a cantora aprofunda aquela que será durante bastante tempo a sua dicotomia: de um lado, temas country como o clássico "I can't help it" de Hank Williams, do outro canções pop, como "You're no good", que chegou a número um das charts pop. Os primeiros anos da década de 70 mostram uma Linda Ronstadt muita bonita e muito tímida em palco, cantando ocasionalmente em Nashville, no Grand Ole Opry ou no show de Johnny Cash.Os grandes catalisadores da carreira de Linda Ronstadt foram o produtor Peter Asher e o álbum "Heart Like A Wheel", que atingiu o primeiro lugar nas charts e vendeu dois milhões de discos. Linda começa aqui a vencer o medo dos palcos e torna-se inevitavelmente um "sex symbol".A partir daí, Linda vai cantando desde clássicos do rock como "Blue Bayou" de Roy Orbinson ou "That'll be The day" de Buddy Holly até temas de folk tradicional, canções de rythm & blues, reggae ou temas da Motown. A década de 70 termina com "Living in The USA", um álbum no qual Linda investe pelo território da new wave. No seu próximo álbum, "Mad Love", Linda gravou três canções de Elvis Costello.Nos anos 80, Linda resolveu empreender uma viragem significativa na carreira, sobretudo depois de não ter conseguido grande sucesso com "Get Closer". Produziu as peças musicais "The Pirates Of Penzance" e "La Boheme" e gravou também três discos de standards pop com a orquestra de Nelson Riddle. Esses passos certamente alienaram grande parte dos seus fãs country mas mantiveram-na sempre no caminho de uma qualidade de perfeccionista invejada por muitos. Linda Rosntadt só voltará às charts em 1987 com "Somewhere ou there", um dueto com James Ingram que serviu de tema do filme "An American Tail". Nesse mesmo ano, a cantora dá mais provas da sua versatilidade, gravando um conjunto de canções mariachi em "Canciones De Mi Padre" e gravando também um álbum de excelente country com Dolly Parton e Emmylou Harris: "Trio".Na transição dos anos 80 para os 90, Linda Ronstadt grava mais dois excelentes álbuns, "Cry Like a Rainstorm"- onde um dueto com Aaron Neville lhe deu um segundo lugar nas charts - e "Winter Light", um CD de cuidadosa produção, onde a voz de Linda combina de forma quase perfeita com os teclados. Apesar da idade e das mudanças na carreira, Linda continua a agradar à crítica. Peter Galvin, da Rolling Stone, dá quatro estrelas a "Winter Light" e explica: "A voz de Linda nunca soou tão bem." Os três próximos álbuns serão igualmente bem recebidos: "Feels Like Home" (95), "Dedicated to the one I Love" (canções para crianças) e "We Ran" (98). No primeiro canta Tom Petty, no segundo canta em duo com Aaron Neville e no último regressa às raízes country-rock, ao perfazer a bonita idade de 52 anos. Canta Bob Dylan, John Hiatt, Bruce Springsteen e Naomi Neville, acompanhada em estúdio por velhas figuras do rock californiano, como o guitarrista de estúdio Waddy Wachtel, o ex-Eagle Bernie Leadon e os membros dos Heartbreakers de Tom Petty."As suas versões de 'If I Should Fall Behind' de Bruce Springsteen e 'When We Ran' de John Hiatt rivalizam os seus sucessos dos anos 70: numa voz que continua tão macia como uma pérola, ela canta a inocência perdida e as velhas chamas que continuam acesas", lê-se na "Entertainment Weekly".