Abóboras esgotaram em três horas

Os Smashing Pumpkins visitam Portugal pela quarta vez no dia 15, num concerto no Coliseu de Lisboa. Os bilhetes esgotaram em menos de três horas, prova de que o público português continua a apreciar a banda de Billy Corgan, em vésperas de esta editar o álbum "MACHINA/the machines of god".

Os adeptos dos Smashing Pumpkins que ainda estejam a pensar em comprar bilhete para o concerto da banda de Billy Corgan no Coliseu de Lisboa no próximo dia 15 terão uma desagradável surpresa: a lotação já está esgotada. Só os mais atentos e precavidos é que estarão na passagem por Portugal da digressão europeia de apresentação do novo álbum "MACHINA/the machines of god". Um concerto para privilegiados, e só com lugares sentados.Em Portugal, é hábito deixar tudo para a última hora: ainda é normal conseguir comprar bilhetes alguns dias antes da data de um espectáculo, e casos como o recente concerto dos Red Hot Chili Peppers (esgotado duas semanas antes) continuam a constituir uma excepção. Mas os Smashing Pumpkins são uma história à parte: quando, em 1998, anunciaram um concerto na Aula Magna, em Lisboa, os 1500 bilhetes desapareceram a uma velocidade supersónica - todos vendidos em apenas uma hora.Os três mil bilhetes disponíveis em Novembro para o espectáculo de dia 15 foram vendidos igualmente depressa: segundo Álvaro Covões, da promotora Música no Coração, a lotação "esgotou tecnicamente três horas depois de serem postos à venda". O que significa que os ingressos não duraram mais do que hora e meia na maioria dos locais de venda (as bilheteiras do Coliseu dos Recreios, algumas megastores de música e caixas Multibanco).Um feito notável, se considerarmos que o concerto praticamente não foi publicitado. Os mais distraídos terão agora que confiar no mercado negro - é que os três mil bilhetes já vendidos (aos preços de 4500, 6500 e 7000 escudos) são a capacidade máxima para o Coliseu num espectáculo em que as cadeiras não sejam retiradas.Tudo indica que o ambiente do concerto de Janeiro seja semelhante ao que se registou na Aula Magna em 1998 - um concerto intimista, semi-acústico, para uma plateia só com lugares sentados e repleto por um público dedicado.A conclusão que se pode tirar da rapidez com que os bilhetes para a quarta passagem dos Pumpkins esgotaram é que a devoção do público português por Billy Corgan e pelos seus cúmplices não esmoreceu com a recepção relativamente morna ao seu último álbum ,"Adore", nem com as inúmeras convulsões sofridas pela banda desde então. Depois da estreia, com "Gish", os Pumpkins explodiram para o estrelato com o seu álbum de 1993, "Siamese Dream", que os propulsionou para a crista da onda grunge com canções como "Today" ou "Disarm". A consagração veio com o disco seguinte, o duplo "Mellon Collie and the Infinite Sadness", em que Billy Corgan, voz e principal compositor do grupo, levou ao extremo a sua vocação para misturar as mais frágeis melodias com os mais barulhentos "riffs" de heavy-metal.É desta época que datam as suas duas primeiras apresentações ao vivo em Portugal - primeiro em Cascais, numa Praça de Touros a abarrotar, depois num menos bem sucedido espectáculo no Festival Imperial, no Porto, em que uns Pumpkins sorumbáticos foram ofuscados por um Beck entusiástico.Mas a partir daí as coisas começaram a correr mal no reino das abóboras: Jonathan Melvoin, o teclista que acompanhava os Pumpkins em digressão morreu de overdose num quarto de hotel. Soube-se que Melvoin estava acompanhado de Jimmy Chamberlin, o baterista da banda. Chamberlin, aliás, tinha uma longa história de dependência de drogas. Corgan, que tem fama de gerir a sua banda com mão de ferro, despediu-o.Seguiu-se um período em que os Pumpkins estavam reduzidos a um trio - Corgan, o guitarrista James Iha e a baixista D'Arcy Wretzky, com o apoio de vários bateristas, entre os quais Joey Waronker (colaborador de Beck) e Matt Walker (dos Filter, conterrâneos de Chicago dos Pumpkins). Sem Chamberlin, Billy Corgan anunciou uma mudança de rumo musical para a banda.Mudança que começou a desenhar-se com a edição de "Eye", tema completamente electrónico, e de "The end is the beginning is the end", canção para a banda sonora do filme "Batman & Robin". Mais electrónicos e menos rock, os Pumpkins fizeram depois em "Adore" um álbum que não entusiasmou por aí além a crítica. "Acredito que a primeira reacção do álbum vai ser negativa. Não me parece que a maioria das pessoas que nos conhecem nos vão reconhecer de forma imediata em 'Adore'", dizia Billy Corgan em entrevista ao PÚBLICO por altura do concerto na Aula Magna. De então para cá, a banda sofreu novas alterações de alinhamento: Jimmy Chamberlin foi aceite de volta e a baixista D'Arcy Wretzky saiu (para iniciar uma carreira cinematográfica, que deverá começar por um papel num filme com Mickey Rourke). A nova baixista do grupo, que já acompanhou os Pumpkins na sua digressão pelos Estados Unidos, é Melissa Auf Der Maur, "roubada" às Hole de Courtney Love. Também a manager do grupo mudou: Billy Corgan fartou-se de carregar sozinho as decisões administrativas dos Pumpkins, contratando para essa posição Sharon Osbourne, esposa do lendário líder dos Black Sabbatth Ozzy Osbourne.Corgan, aliás, andou ocupadíssimo com inúmeros projectos - co-produziu o álbum "Celebrity Skin", das Hole, colaborou com Natalie Imbruglia, fez a banda sonora (instrumental) do filme "Stigmata" e gravou o quinto álbum dos Pumpkins, que se irá chamar "MACHINA/the machines of god" e que tem data de edição prevista para Fevereiro de 2000.O concerto do Coliseu deverá incidir sobretudo no novo material, segundo relatos do primeiro espectáculo (que durou duas horas) desta digressão, em Chicago. Em Lisboa - onde, segundo disse Billy Corgan na sua última passagem por Portugal, os Pumpkins gostam particularmente de tocar - três mil fãs terão oportunidade de saber como é que soam os Smashing Pumpkins versão 2000. Os mais impacientes poderão já fazer o "download" da Internet do primeiro single do novo disco, "Everlasting gaze", disponível no site do jornal britânico "New Musical Express" (nme.com).

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