Mais segurança na serra da Estrela

A GNR reabriu o seu posto sazonal da Torre no quadro das medidas destinadas a melhorar a segurança na Serra da Estrela nesta época do ano. Os bombeiros da região e o Centro de Limpeza da Neve do Instituto de Estradas de Portugal estão também envolvidos na operação, fundamental para reduzir os efeitos dos engarrafamentos de tânsito que entopem os acessos à serra, os acidentes de trânsito e outros.

A neve, a gastronomia, o ambiente, o património e a localização central fazem da Serra da Estrela um dos lugares mais apetecíveis de Portugal no Inverno e em especial nas épocas festivas do fim-de-ano e do Carnaval. Cada vez mais turistas são atraídos por esta combinação feliz, que por sua vez coloca alguns problemas de segurança. Numa zona onde as acessibilidades, o parqueamento, a sinalização e a assistência médica são deficientes, cada vez que se aproxima mais uma época invernosa aumentam as dores de cabeça das entidades responsáveis pelo maciço Central.Na tentativa de minorar os inúmeros engarrafamentos e os acidentes de trânsito - que têm aumentado a cada ano que passa - foi criado um "Plano Especial para Situações de Neve/Nevões na Serra da Estrela" e reaberto o posto sazonal da GNR na Torre e foram definidas zonas prioritárias de actuação comum das forças de segurança de Gouveia, Guarda e Covilhã: Manteigas/Covão da Ametade, Sabugueiro/Lagoa Comprida e Piornos/Penhas da Saúde. A acção da GNR será feita em parceria com o Centro de Limpeza de Neve da IEP (Instituto das Estradas de Portugal) e com as corporações de bombeiros da área.O posto da Torre, coordenado pelo comandante da GNR da Covilhã, Fernandes Gonçalves, hvai funcionar com um efectivo de 24 homens de segunda a sexta-feira, que aumentará para 39 aos fins-de-semana. Os agentes de segurança, para além do indispensável equipamento apropriado para as baixas temperaturas, dispõem de três viaturas especiais de apoio com guincho, três jipes, dois motociclos e uma viatura ligeira. Apesar do aumento gradual das áreas de estacionamento e da beneficiação das vias de acesso ao maciço central, o comandante da GNR da Covilhã pôs em evidência a necessidade de criar parques diferenciados na Torre, um grande parque na Lagoa Comprida, rotundas nos Piornos e no triângulo da Torre, assistência médica efectiva no local, Realçou também ser necessário desenvolver a campanha sdenominada "Mantenha a Serra Limpa" e a investir na qualidade.O problema dos acessos e a segurança no maciço Central tem sido uma preocupação constante das diversas entidades responsáveis por aquela área. Ano após ano eram tomadas algumas medidas, mas isoladamente, sem qualquer coordenação generalizada. Em 1992, chegou a ser definido, pelos vários comandantes das corporações de bombeiros do distrito da Guarda e da Zona Operacional 1 de Castelo Branco, um plano de segurança para a serra da Estrela. O documento foi entregue ao Serviço Nacional de Bombeiros, mas não mereceu qualquer atenção.O ano passado, as delegações da Guarda e de Castelo Branco da Protecção Civil elaboraram um "Plano Especial para Situações de Neve/Nevões na Serra da Estrela", mais tarde dividido em dois, de acordo com a área que pertence a cada um dos distritos, tendo sido homologado no passado dia 31 de Julho pelo então secretário de Estado da Administração Interna. Apesar de haver dois planos, o delegado distrital na Guarda da Protecção Civil, Eduardo Matas, adiantou ao PÚBLICO que isso não coloca qualquer obstáculo à sua eficiência, tendo nesse sentido sido feito um acordo de cavalheiros para haver uma entreajuda em caso de necessidade. As regras de intervenção na serra em caso de emergência serão aplicadas sempre que houver operações de busca e salvamento de pessoas e animais, acidentes rodoviários com mais de cinco sinistrados, envolvimento de duas entidades nas operações de socorro, existência de danos em infra-estruturas e iminência ou ocorrência de situações de risco para as populações ou meio ambiente.Entre as zonas críticas indicadas no plano, figuram o Cântaro Magro e o Covão Cimeiro. Esta última parece ser a que tem os maiores precipícios da Serra da Estrela, sendo uma zona de progressão muito difícil, com paredes rochosas imponentes e terrenos muito íngremes e irregulares. Situada a dois quilómetros da Torre, costuma cobrir-se de neve de Novembro a Junho e permitir a formação de grandes placas e cascatas de gelo.O Covão do Ferro, entre a Torre e os Piornos, é igualmente considerada uma zona muito propícia a acidentes, devido à situação da estrada e ao facto de se situar numa zona frequentada e que pode servir de atalho para atingir a Torre. Na lista de zonas críticas surgem ainda a encosta sul da serra e a área que liga a Estrada Nacional nº 339 (Lagoa do Peixão-Lagoa Comprida) às Penhas Douradas). Além da definição destas quatro zonas específicas para casos de temporal, o documento salienta que "toda a serra se torna particularmente perigosa nos períodos nocturnos, e exige isso um certo respeito, impondo acções e mecanismos de prevenção".O plano será dirigido pelos respectivos governadores civis e integrará os chefes das delegações distritais do SNPC, representantes da Inspecção Regional de Bombeiros do Centro e corpos de bombeiros da zona de intervenção, do Instituto de Conservação da Natureza (representado pelo Parque Natural da Serra da Estrela), GNR, da IEP, Sub-Região de Saúde, Cenel (Electricidade do Centro, AS) e Portugal Telecom.

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