O motorista de Diana estava embriagado
O caso do acidente que vitimou a princesa Diana e Dodi al Fayed teve ontem o seu desfecho judicial. A culpa foi do motorista que conduzia a velocidade excessiva, embriagado e sob o efeito de anti-depressivos. Os "papparazzi" foram ilibados, mas a sua decisão de tirar fotografias no local levantou questões de ética profissional. Para o pai de Dodi a história não termina aqui: vai apelar da decisão e insiste na teoria da conspiração.
A responsabilidade pelo acidente que em1997 vitimou a princesa Diana foi do motorista Henri Paul, que se encontrava embriagado enquanto conduzia o carro em velocidade excessiva, decidiram ontem os juízes franceses. São assim postas de lado as acusações contra os "papparazzi" sobre quem recaíam as suspeitas de terem sido responsáveis pelo choque a alta velocidade que ocorreu num túnel de Paris.O inquérito de dois anos concluiu que Paul perdeu o controlo da limousine Mercedes-Benz onde viajavam Diana e o seu companheiro, Dodi al Fayed, por estar embriagado e sob o efeito de anti-depressivos, informa uma comunicado oficial da Procuradoria de Paris.Os dois magistrados que investigaram o caso, Herve Stephan e Marie-Christine Devidal, concluíram que o acidente "não resultou de um acto voluntário", o que contraria a teoria de uma conspiração com o objectivo de assassinato defendida pelo pai de Dodi, Mohamed al Fayed. Também Dodi não pode ser criticado por requisitar os serviços do motorista Paul fora do seu horário, uma questão bastante discutida nas especulações da imprensa britânica sobre a ansiada decisão."O motorista do veículo estava em estado de embriaguez, e sob a influência de medicação incompatível com o álcool, um estado que o impedia de ter controlo sobre o carro a alta velocidade", dizem os juízes.No que se refere à possível responsabilidade dos nove fotógrafos e do mensageiro de uma agência fotográfica, afirmam que o inquérito "não lhes atribui qualquer tipo de responsabilidade quanto à forma como se processou o acidente".Um porta-voz do milionário egípcio al Fayed, dono dos armazéns Harrods em Londres e do hotel Ritz em Paris onde Paul trabalhava, disse que este continua a acreditar que Dodi e Diana foram assassinados. "Permanecem muitas, muitas perguntas por responder," afirmou Laurie Mayer, à Sky News. Al Fayed "continua a acreditar numa conspiração e tem a vontade e os recursos para levar as coisas até ao fim, demore o que demorar". Em Paris, o advogado do milionário, Georges Kiejman, disse que iria apelar da decisão e voltou a tecer críticas aos "papparazzi". "O assédio dos fotógrafos a Paul levou-o a mudar de rota e a acelerar a velocidade", disse aos jornalistas.Pelo contrário, o irmão de Diana, o conde Spencer - que no passado acusou os media de perseguirem a sua irmão até à morte - agradeceu aos juízes franceses e disse aceitar as conclusões do inquérito.O advogado de Trevor Rees-Jones, o guarda costas de Dodi, único a sobreviver ao acidente, disse que a decisão "foi excelente e sábia". "O meu cliente está satisfeito que os juízes tenham reconhecido que tanto Dodi como o próprio hotel Ritz tomaram decisões inoportunas", disse Christian Curtil. O fotógrafo Romuald Rat, que afirmou ter falado com Diana logo depois do choque, quando esta se encontrava no Mercedes prestes a morrer, exprimiu alívio por todas as queixas terem sido abandonadas. "O trabalho imparcial dos dois magistrados que investigaram o caso conseguiu provar que eu e os meus colegas estávamos apenas a fazer o nosso trabalho, ao contrário de outros 'colegas' que estavam ansiosos por se afirmar", disse em comunicado.Jean-Louis Pelletier, advogado de outros dois fotógrafos, afirmou: "Este foi um acidente vulgar e banal, daqueles que normalmente terminam com a perda da carta de condução do motorista". William Bourdon, que defendeu outro dos fotógrafos, disse: "O acidente não foi diferente do normal, à parte da popularidade das vítimas, foi até muito banal."Os dez fotógrafos foram investigados por serem suspeitos de contribuirem para as mortes, por terem perseguido o carro de Diana e não terem ajudado as vítimas, esta última situação constitui um crime na lei francesa.Os juízes disseram que Paul teve que evitar um carro que se deslocava lentamente à entrada do túnel, uma referência ao Fiat Uno que aparentemente terá roçado o Mercedes antes de este chocar. A polícia francesa nunca encontrou o carro apesar de ter investigado mais de quatro mil donos de veículos com aquela marca.Esta decisão vem no seguimento de uma recomendação de 17 de Agosto do procurador Maud Coujard que aconselhava que as queixas fossem abandonadas, porque o motorista era claramente o culpado pelo acidente. Os peritos legais dizem que o facto de tanto juízes como o procurador terem concordado significa que o apelo de al Fayed tem poucas hipóteses de sucesso. Sob a legislação francesa, qualquer das partes pode contestar uma decisão que resulte da investigação de magistrados. Os apelos são decididos por um painel de três juízes que normalmente levam vários meses a estudá-los.