Taveiro vai ter parque industrial

Os terrenos em redor da fábrica Reflecta Portuguesa, em Taveiro, Coimbra, vão ser transformados num parque industrial. O projecto já foi aprovado pelo executivo camarário e prevê igualmente a criação de uma área de estacionamento e de um parque de venda a retalho.

A Câmara de Coimbra aprovou anteontem um projecto para os terrenos envolventes à fábrica Reflecta Portuguesa, SA, em Taveiro, que prevê a implantação de um parque de venda a retalho, de um novo parque industrial e de um restaurante de tipo "fast food". A deliberação foi tomada pelo executivo autárquico por unanimidade, como, aliás, aconteceu com todos os outras assuntos agendados para a reunião semanal. O consenso reinou em quase toda a sessão, tendo apenas sido quebrado aquando das intervenções finais dos vereadores e no momento em que o social-democrata Francisco Rodeiro propôs a criação de um fundo, a partir do dinheiro resultante da venda dos parques de estacionamento do Bota-Abaixo, com o objectivo de combater a especulação imobiliária que atinge a cidade.O parque de venda a retalho proposto pela Reflecta inclui, de acordo com o documento apresentado à autarquia, a instalação de uma área de 21.530 metros quadrados, dividida em 13 unidades, e de um parque de estacionamento com capacidade para acolher 1100 veículos. Já o novo parque industrial - que inclui a actual unidade fabril - vai ser instalado num espaço com 13.800 metros quadrados, distribuído por seis unidades, e lugar para 318 automóveis, junto ao qual vai ser também construído um restaurante de tipo "fast food", numa área de 1325 metros quadrados, com 265 lugares de estacionamento.Paralelamente, deverão proceder-se a algumas alterações nas vias de acesso àquela zona, de forma a prevenir e resolver eventuais problemas com o tráfego viário, estando também prevista a instalação de um posto de abastecimento de combustível.Após uma saudação de boas-vindas a Manuel Claro - o novo vereador socialista que vem substituir Henrique Fernandes, recentemente nomeado para a vice-presidência do Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho (IDICT) -, Rodeiro abriu as hostilidades, com os socialistas ao propor que a câmara separasse parte do dinheiro resultante da recente venda do espaço onde estão instalados dois parques de estacionamento no Bota-Abaixo, para comprar outros terrenos e vendê-los a "preços controlados", como forma de contrariar a especulação imobiliária. Recorde-se que os dois lotes de terreno vendidos, com vista à construção de dois prédios, renderam 1,1 milhões de contos à autarquia, apesar do preço de licitação ser apenas de 600 mil contos.Embora tivesse reconhecido que a operação permitiu um "encaixe substancial nos cofres do município", o vereador do PSD admitiu que o preço a que foram vendidos os terrenos faz prever que os apartamentos e lojas que ali vão ser construídos vão provocar "mais um acréscimo dos preços da habitação em Coimbra (o terceiro concelho mais caro do país, segundo noticiou recentemente o semanário "Expresso"). "Vai-se criar um fosso cada vez maior entre aqueles que podem comprar [casa] e os que não podem", advertiu Francisco Rodeiro, que há cerca de três meses atrás não se opôs à venda em hasta pública dos dois lotes do Bota-Abaixo.Isso mesmo lhe foi lembrado anteontem pelo comunista Gouveia Monteiro, que, na altura, propôs à autarquia que fosse ela a responsabilizar-se pelo processo de construção e venda dos imóveis que ali vão ser instalados. Ainda assim, não deixou de chamar "social-democrata" a Francisco Rodeiro, de apelidar os socialistas de "liberais" e de marcar a sua posição: "Eu não quero que para o centro histórico apenas venha morar a elite", afirmou o vereador da CDU, acrescentando que os preços praticados se devem, em parte, à falta de habitação disponível.João Silva, do lado do PS, contrariou a alegada falta de habitação e relativizou os preços do mercado imobiliário, dizendo que os escritórios é que são caros. "O que não quer dizer que para habitação não haja preços difíceis de explicar", acabou por admitir, assegurando, ainda assim, que comprar casa está ao alcance de muita gente e que "não é um grupo restrito" que o faz, como tinha dito Rodeiro.João Pardal, do PSD, não resistiu ao optimismo socialista: "Dizer que as pessoas compram porque podem é uma falsa ilusão. As pessoas compram porque necessitam", frisou.

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