A Pop Art
"Partimos amanhã assim que o sol raiar. Estou tão nervoso e entusiasmado que nem consigo dormir. Espero que a minha coluna não me dê problemas..." Diário de um peregrino que nos anos 30 ruma a Santiago de Compostela. Ideia de um grupo de alunos da Escola Secundária de Mem Martins para um trabalho que ganhou um concurso promovido pela Galiza.
A Pop Art começou na realidade em Londres nos anos 50, tendo suscitado um debate sobre a comunicação de massas e a produção de imagens ao serviço da mesma. O crítico de arte inglês Alloway foi o primeiro a utilizar o termo "Pop Art" (abreviatura de Popular Art), tendo, em 1955 e 1956, organizado em Londres duas exposições, "Man, Machine & Motion" e "This is Tomorrow", com o Grupo Independente, onde foram expostas obras de Paolozzi, Banham, Hamilton e outros artistas do Royal College de Londres.Lucy R. Lippard afirma, na sua obra sobre a Pop Art, que o novo movimento nasceu duas vezes: uma em Inglaterra (a primeira) e outra (a segunda) completamente independente da primeira, em Nova Iorque. Porém, não podemos esquecer que, não obstante o movimento se ter iniciado em Londres, desde o seu início que as imagens se basearam nos meios de comunicação social norte-americanos, que após a II Guerra Mundial invadiram a Inglaterra. Por isso mesmo, esta corrente artística exerceu um particular fascínio nos EUA, e nos dez anos posteriores desenvolveu-se plenamente, difundindo-se de maneira diferente na Europa.É importante ter em atenção que, nos anos 40 e 50, as heranças de algumas expressões artísticas são transportadas para os EUA - como foi o caso do Expressionismo e da Abstracção Lírica -, por artistas europeus que, durante e após a II Guerra Mundial, ali se refugiaram, tendo legado um contributo decisivo para as correntes artísticas posteriores. Neste período, a produção artística americana florescerá de forma a criar condições para uma adesão favorável, e até entusiástica, à Pop Art, quer por parte dos críticos de arte e galeristas, quer pelos coleccionadores e pelo público em geral.Que razões subsistem a este entusiasmo nos EUA à mensagem subjacente da Pop Art? A adesão prende-se com a reacção ao período agitado que oscila entre o equilíbrio e o desequilíbrio e onde a comunicação social possibilita, quantas vezes ora de forma negativa, ora de forma positiva, o saber e o ver tudo, inclusive em casa, desde as imagens da guerra ao primeiro passo do homem na Lua. Porque é também uma reacção ao universo da sociedade de consumo, vai basear-se no imaginário popular ("popular imagery") e na realidade da época. Nos anos 59/60, a linguagem da Pop Art difunde-se no território norte-americano, onde os objectos de uso quotidiano ganham uma importância representativa, ampliando-os, e recorrendo também a outros sinais do quotidiano; ou ainda, recorrendo à banda desenhada. Todos estes elementos o público vê e identifica na comunicação de massas. Para o artista da Pop Art, o quadro converte-se em coisa e a coisa em quadro, sendo por isso mesmo uma arte conceptual.Entre outros autores representativos do contexto americano e inglês destacam-se: Andy Warhool, Roy Lichtenstein, Jim Dine, C. Oldenburg, G. Segal, J. Rosenquist, etc...Atente-se, ainda, que a postura dos artistas face aos acontecimentos, quer na Europa (em Inglaterra, um caso particular, e em Itália), quer nos EUA, é unanimemente reveladora de ironia e de realismo na interpretação que faz ao ritmo da sociedade moderna. Com percursos diferentes na Europa e nos EUA, as obras da Pop Art apresentam-se como ícones da cultura urbana de massas, que reflectem a situação da sociedade industrial e de consumo.* licenciada em História de Arte, professora do Quadro de Nomeação Definitiva no Ensino Secundário, Escola Secundária dos Casquilhos (texto enviado à Associação de Professores de História, na sequência do erro detectado na prova de exame de História de Arte do 12º ano, realizada no dia 22 de Junho de 1999).Nota: Pelo presente texto penso que fica explícito que os dois palcos, do nascimento (a origem) e do crescimento (a difusão) da Pop Art, são respectivamente Londres e os EUA.Tal não invalida que em Paris tenham existido simpatizantes discretos da Pop Art. Não podemos, no entanto, concordar que Paris tenha sido um desses palcos.