"Savimbi é a principal razão da guerra em Angola"
A UNITA está a ser armada pelas mafias que actuam na Rússia, Ucrânia e Bulgária, afirma ao PÚBLICO Gerald J. Bender, um académico norte-americano que começou a interessar-se por Angola em 1967. Savimbi "é a principal razão da guerra porque quer ser Presidente". E a guerra vai continuar porque, com o dinheiro dos diamantes, compra-se tudo, independentemente das sanções internacionais.
Gerald J. Bender, de 57 anos, professor da Escola de Relações Internacionais da Universidade da Califórnia Meridional (Los Angeles), fala português desde uma estada de 10 meses em Lisboa, ainda no tempo de Salazar. Já esteve mais de 80 vezes em Angola e é sobre este país que hoje vai falar no colóquio "A Democracia e a Política Externa Portuguesa", promovido pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento. Convidado a participar amanhã noutro colóquio internacional, desta vez no Instituto Goethe, sobre "Processos da Desagregação e Estratégias Sociais em África", Bender almoçou na terça-feira com o Presidente da República, Jorge Sampaio, e depois deu esta entrevista ao PÚBLICO.GERALD BENDER - Há várias razões, claro; mas a principal é que o líder da oposição quer ser Presidente e não aceita nada menos do que isso. Isso é, porém, uma explicação curta. Uma coisa que notei nos últimos anos foi que o processo de aplicação do Protocolo de Lusaca correu razoavelmente bem, salvo na entrega dos territórios que a UNITA controlava. O processo não só foi bom para o país em geral como para a UNITA em particular, que pouco a pouco começou a participar na governação do país, quer no Parlamento quer nos ministérios e no Exército. Mas quanto melhor para a UNITA pior para Savimbi, que ficou cada vez mais afastado do jogo político.