Sete estrelas para projectar a Casa da Música

São sete nomes que fazem advinhar a vontade de inscrever a Casa da Música nos destinos do turismo arquitectónico. São arquitectos "top" do panorama internacional e mostram a vontade da cidade ser também visitada por outras obras de arquitectura que não as da Escola do Porto. As de Siza e Souto Moura. Um confronto desejado pela própria Sociedade Porto 2001. O PÚBLICO faz o perfil dos arquitectos escolhidos.

A Sociedade Porto 2001 seleccionou sete arquitectos de prestígio internacional para apresentarem as suas ideias, em termos de estudo prévio, para a futura Casa da Música, o equipamento emblemático da Capital Europeia da Cultura. Os arquitectos Dominique Perrault (França), Rafael Moneo (Espanha), Rafael Viñoli (Estados Unidos), Rem Koolhaas (Holanda), Norman Foster (Grã-Bretanha), Peter Zumthor (Suíça) e Toyo Ito (Japão) foram os seleccionados de um total de 26 candidatos.Esta lista certamente satisfaz o responsável pela Casa da Música, Pedro Burmester, que em recente entrevista ao PÚBLICO defendeu a ideia de que o projecto fosse idealizado por um arquitecto estrangeiro, de forma a estabelecer um diálogo estético com a chamada Escola do Porto, de que fazem parte nomes com Fernando Távora, Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura. Os escolhidos têm agora cerca de um mês para entregar os respectivos estudos prévios, acompanhados de uma maqueta.A selecção destes sete nomes, de acordo com as normas da consulta internacional promovida pela Porto 2001, não foi tarefa fácil. Segundo o arquitecto Manuel Correia Fernandes, administrador da sociedade, a decisão foi feita "quase em 'photo-finish, pois eram nomes de 'top''". Mas, segundo acrescenta, "acho que decidimos bem". Dois dos candidatos, Norman Foster e Rafael Moneo, foram agraciados com o Prémio Pritzker, uma espécie de Nobel desta disciplina e que já foi também entregue a Álvaro Siza Vieira.Na fase de pré-qualificação, pediu-se aos candidatos que se disponibilizaram a prosseguir com os estudos - onze portugueses e quinze estrangeiros -, que apresentassem documentação com os currículos profissionais, a constituição das equipas e projectos já construídos que se enquadrassem na filosofia do equipamento que se pretende para o Porto. A selecção foi feita com base nos elementos curriculares e também em função das equipas, que integram além dos arquitectos, especialistas em acústica, luminotecnia e outras valências ligadas às artes da música e do palco. Um aspecto especialmente considerado foi a vertente acústica, e não constituirá grande surpresa verificar que uma mesma equipa técnica, a Arup Acoustics, está associada a três dos projectistas - Norman Foster, Rem Koolhaas e Peter Zumthor. Como explicou Correia Fernandes, esta é uma área técnica de grande especialidade onde não se encontram muitos nomes a trabalhar ao mais alto nível. A equipa liderada por Dominique Perrault associou-se a Jean Claude Lamoureux, Rafael Moneo concorre com Hogini Arau, Rafael Viñoly está a trabalhar com a empresa Artec Consultants, Inc. e, finalmente, Toyo Ito encontrou em Minoru Nagata o parceiro para os seus estudos.Estas equipas receberão, no mais breve prazo possível, as condicionantes urbanísticas do projecto e ainda o caderno de encargos, que contém o programa do edifício e as indicações e exigências técnicas. Depois de estarem cumpridas todas as formalidades, e confirmada a recepção dos documentos, a Porto 2001 estipulará um calendário que define cerca de um mês para a apresentação dos estudos prévios e um prazo de oito dias, após essa entrega, para a decisão final do júri. Feitas as contas, Correia Fernandes aponta o início do mês de Junho como a data previsível para o desfecho da consulta.Recorde-se que, de acordo com o programa estabelecido pelo pianista Pedro Burmester, a Casa da Música vai acolher um grande auditório e ainda salas para o trabalho de ensaios e eventualmente estúdios. Além de se transformar na sede institucional da Orquestra Nacional do Porto - que passará assim à dimensão sinfónica -, este equipamento vai poder ainda acolher uma orquestra de jovens e uma estrutura que permita a produção de ópera de câmara. De resto, está previstas várias componentes sociais: restaurantes, cafetaria, sala de exposição e espaço de vendas. Depois de alguma incerteza face à sua localização, escolheu-se o quarteirão anteriormente ocupado pela "remise" dos eléctricos da Sociedade dos Transportes Colectivos do Porto (STCP), em plena Rotunda da Boavista.Enquanto decorre o processo da Casa da Música, a Sociedade Porto 2001 está já a tomar providências para acelerar o processo de adjudicação do conjunto de empreitadas previstas para a Capital Europeia da Cultura. Nesse sentido, está também a decorrer um concurso de pré-qualificação de construtoras. A ideia é conhecer as capacidades das várias empresas, reunir toda a documentação necessária e, perante a necessidade do lançamento de obras, consultá-las apenas em termos de preço.

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