A loucura da Microsoft
Na esteira de "Motocross Madness", a Microsoft lança o caos nas ruas de Chicago ao criar um novo "Carmageddon", que a vai colocar no banco dos réus. Salvam-se, contudo, os peões...
Misture-se "Carmageddon" com "Streets of SimCity" e "Grand Theft Auto", e teremos uma ideia daquilo que a Microsoft se prepara para lançar já em Junho, colocando-se, por certo, no topo das tabelas de vendas do mercado de jogos e, ao mesmo tempo, na mira dos defensores dos bons costumes e da condução automóvel regrada - que vão dissertar sobre os perigos de um jogo em que os jogadores são convidados a quebrar todas as regras do trânsito."Midtown Madness" também tem peões mas, salvaguardando a Microsoft de alguma acção judicial por parte de famílias furibundas com Bill Gates - até ele, enfim! -, os autores do jogo deram aos peões do jogo personalidade de acrobatas, que lhes permite fugirem no último momento, em fantásticos mortais e piruetas. Falta o sangue de "Carmageddon" mas, em prol da verdade, pode dizer-se que a emoção e o divertimento continuam presentes, tornando até, porventura, mais divertida a sequência de acontecimentos. Ver um peão saltar como um artista de circo ou um campeão do salto em altura, ou simplesmente encostar-se a uma parede em busca de protecção, dá, afinal, plena satisfação a quem aprecie estas coisas - e o alcatrão não fica manchado de vermelho...Do que "Midtown Madness" não prescinde é de excelentes acidentes entre veículos, num estilo semelhante a "Carmageddon", aqui tornado mais real pelo ambiente realista dos cenários - uma reprodução das principais ruas de Chicago, com todos os problemas de trânsito - e pelo detalhe de carros, edifícios e tudo o resto, num retrato vivo do quotidiano da grande cidade americana. A ideia de ter um jogo contido dentro dos limites de uma cidade parece algo limitada, mas a verdade é que, com mais de uma centena de quilómetros de estradas para percorrer, o jogador tem muito para descobrir, quer no modo solitário quer em rede, contra outros jogadores. E é sempre possível pensar em módulos compreendendo outras cidades, que podem mais tarde ser incorporados em "Midtown Madness", reproduzindo outras urbes.Com um leque de carros que vai de um "carocha" até um autocarro escolar ou um camião capaz de lançar o caos num congestionamento de tráfego à espera do jogador, "Midtown Madness" deixa-se configurar desde um modo de arcada simplista até uma simulação onde os efeitos físicos de uma condução demasiado ousada se fazem sentir de imediato. Também as horas do dia e as condições atmosféricas podem ser programadas, bem como a densidade de trânsito e de peões.O jogador pode escolher passear-se livremente por Chicago, descobrindo caminhos e carros, tal como "Streets of Sim City" (da Electronic Arts, uma simulação de condução nas ruas das cidades clássicas de SimCity), mas abre para opções mais ao jeito de "Carmageddon" ou de outras simulações de condução. No modo Checkpoint, há que controlar em pontos específicos do percurso antes dos oponentes; nas corridas Blitz, é necessário bater o relógio na chegada à meta, no final de um percurso complexo em que há que contar com sinais de trânsito, outros carros e a polícia... que não gosta de aceleras ("Need for Speed", claro...). Existem circuitos fechados (em ruas da cidade) para a realização de corridas e, no modo de múltiplos jogadores, surge ainda uma opção de polícias e ladrões (a lembrar "Grand Theft Auto"), que permite um confronto (de cada jogador por si ou por equipas) que ganha os contornos de um "Destruction Derby" quando os agentes da lei decidem apoderar-se do ouro roubado pelos ladrões.Brilhante graficamente e em termos de imersão do jogador, aproveitando as capacidades dos actuais Pentium III para mostrar a mais impressionante reprodução das ruas de uma cidade, quer no plano visual quer ao nível de comportamento de peões e veículos (respeitadores dos sinais de trânsito), "Midtown Madness" é capaz de transmitir ao jogador a emoção de uma verdadeira perseguição automóvel como as dos filmes americanos. Aceitar um desafio Blitz na hora de ponta, em que é necessário conduzir de um para outro lado de Chicago com as filas de trânsito, sinais, peões e, claro, a polícia que vigia os que pisam o risco, é uma experiência de que se sai de mãos suadas, sobretudo se um volante capaz estiver disponível por perto. Um acessório que é praticamente indispensável, com ou sem "Force Feedback", para tirar todo o proveito deste jogo."Midtown Madness", da Angel Studios - autores de Oceania, a viagem virtual presente no Pavilhão da Realidade Virtual na Expo-98 - é uma demonstração da escalabilidade da tecnologia ARTS (Angel Real-Time Simulation) desenvolvida pela equipa. Adaptável a diferentes tipos de ambiente, faz agora uma primeira incursão em PC para revelar um mundo interactivo capaz de simular, em tempo real, acções complexas em cadeia. Para a Microsoft, representa mais um elemento de um catálogo que se tem pautado por títulos representativos de expoentes de tecnologia e uma diversão sem limites através de interfaces amigas do utilizador, numa combinação perfeita para agradar ao público.