O regresso do Major Alvega
A segunda série Major Alvega deverá, "se não houver imprevistos", estar de volta aos ecrãs da RTP em Outubro. Os 13 novos episódios estão a ser gravados em Matosinhos e contam com uma versão "mais humana" do personagem interpretado por Ricardo Carriço. Mais personagens, mais acção e um humor com a marca das Produções Fictícias são a receita das novas aventuras.
Na produtora Miragem, em S. Mamede Infesta, Matosinhos, o Major Alvega voltou à acção e já vai em quatro semanas de aventuras e de confrontos com os nazis. Mas esta segunda série de episódios de uma saga que conquistou as audiências da RTP vai apresentar algumas novidades. Mais personagens, interpretadas por actores bem conhecidos, como Ruy de Carvalho, Canto e Castro, Rogério Samora e Tozé Martinho; mais acção e mais humor, fabricado pela equipa das Produções Fictícias, são os novos ingredientes, cujos resultados poderão ser vistos a partir de Outubro, altura em que está prevista a inclusão da série na nova grelha da RTP. A linguagem gráfica será a mesma, mas inventaram-se novos protagonistas, a par dos já conhecidos Major Alvega (que continua a ser interpretado por Ricardo Carriço), do Koronel von Block (António Cordeiro) e de Fraülein Schmidt (Rosa Bela). Nesta nova série de episódios, entra também o Dr. Strudel, um cientista louco aliado dos nazis, a quem dá corpo José Wallenstein, e um soldado alemão imbecil, interpretado por Nelson Machado, um técnico de pós-produção que revelou um inesperado talento para a comédia. Natasha, uma aguerrida militar russa, é outra estreia no elenco, e a actriz que a veste nem precisa de se esforçar para simular um sotaque eslavo, já que Ivana Zeliznáková vem mesmo do Leste, da Eslováquia. No estúdio de gravação da Miragem, o trabalho começa antes das nove da manhã e prolonga-se por cerca de dez horas. A maratona diária tem permitido a gravação de um episódio por semana. Ao todo, estão praticamente prontos para pós-produção quatro dos treze que compõem a nova série. No dia em que o PÚBLICO assistiu à gravação, o ambiente era divertido e as gargalhadas tão abundantes quanto as repetições de cada cena, apesar do calor intenso que uma ventoinha gigante ocasionalmente aliviava. "Estamos sempre a rir", diz Rui Taborda, "isto dá-nos imenso gozo a fazer". E, de facto, era impossível manter a seriedade perante a representação de António Cordeiro, um coronel que quer ser temível e só consegue ser hilariante, o que quase se tornou um problema, inclusive para os actores em contracena.Ricardo Carriço diz que o Major Alvega desta segunda série "está mais humano" e até vai fazer concessões ao romance, mas sem afrouxar o heroísmo, já que tem que cumprir um argumento com mais cenas de acção. O novo guião já lhe valeu um golpe no pescoço e uma forte pancada nas costas, mas o actor, que também participa em Médico de Família, diz que acaba por ser divertido reviver o imaginário infantil das lutas entre os bandidos e os heróis. Os novos treze episódios do Major Alvega estarão prontos para integrar a programação de Outono da televisão pública "se não houver imprevistos", salienta Rui Taborda, que, juntamente com Henrique Oliveira, realizador da série, criou a Miragem no final dos anos 80, um projecto que implicou um investimento de 130 mil contos. No seu currículo, contam-se já a série policial Claxon, o programa Ligações Perigosas e os concursos Doutores e Engenheiros e Despedida de Solteiro, além de séries infantis. A ressalva é ditada pela experiência anterior com esta mesma série, já que a pós-produção do primeiro pacote de episódios, transmitidos pela RTP no ano passado, demorou cerca de dois anos. Mas o produtor acredita que, desta vez, esse trabalho será substancialmente reduzido, porque utilizará o mesmo cenário fabricado para a série anterior, com os seus modelos virtuais de aviões, automóveis e barcos. "O que foi difícil foi descobrir o formato, o grafismo, perde-se muito tempo nisso", diz Rui Taborda. Trabalhar com um aparato cénico virtual, aplicado posteriormente com meios informáticos, pode ser constrangedor para os actores, que trabalham num enorme espaço vazio, verde-alface, com pequenas tiras autocolantes da mesma cor no chão, colocadas sempre que é necessário respeitar determinados círculos de movimentação. Ricardo Carriço diz que, apesar de terem que se socorrer da imaginação para visualizar o cenário, a sua ausência permite que os actores se concentrem mais na sua própria inter-relação e conseguir um melhor desempenho a esse nível. O trabalho é também facilitado, refere o actor, por se tratar de uma equipa que já se conhece há seis anos, desde as primeiras filmagens de Major Alvega.