Outras orquestras portuguesas

Cada orquestra portuguesa faz parte de uma espécie de hierarquia definida pela relação com o Estado e, segundo o Instituto das Artes do Espectáculo (IPAE), existem três categorias. Em primeiro lugar, surgem as orquestras nacionais. Gozam de um protocolo acordado com o Estado, recebendo, anualmente, uma quantia pré-determinada. Nesta categoria inscrevem-se a Orquestra Sinfónica Portuguesa e a Orquestra Nacional do Porto. Numa segunda categoria, aparecem as orquestras municipais, cujo apoio estatal é apenas parcial, sendo as restantes receitas provenientes das câmaras. Inserem-se aqui a Orquestra do Norte, a Orquestra das Beiras e, com um estatuto especial, a Orquestra Metropolitana. Finalmente, o IPAE considera a categoria das orquestras particulares. É o caso da Orquestra Gulbenkian, da Orquestra Sinfónica Juvenil, da Sinfonietta de Lisboa e da Sinfonia B. Para elas, o apoio estatal é apenas pontual, dependente de pedidos posteriormente avaliados.

·ORQUESTRA SINFÓNICA PORTUGUESAO maior orçamento públicoA Orquestra Sinfónica Portuguesa é o maior agrupamento nacional e a única sinfónica. Com um orçamento de cerca de um milhão de contos (o São Carlos na totalidade terá em 1999 2,2 milhões de contos), integra neste momento 110 instrumentistas, que pertencentes aos quadros. As suas funções repartem-se entre a interpretação operática, os concertos sinfónicos e ainda o acompanhamento da Companhia Nacional de Bailado. É aliás com esse fim que integra o actual número de músicos: ele permitiria que se desdobrasse em duas. No princípio do ano, Álvaro Cassuto, o maestro titular, foi substituído pelo espanhol José Ramon Encinar. Está previsto que ainda este ano, a orquestra abandone as degradadas instalações do Capitólio e passe a ter o Teatro Camões, como sala de ensaios. ·ORQUESTRA NACIONAL DO PORTO2001: odisseia sinfónica a norteA orquestra integra 50 músicos efectivos e teve no ano passado um orçamento de 430 mil contos. Tal como a Orquestra Sinfónica Portuguesa tem um novo maestro: o americano de origem francesa Marc Tardue.Até 2001 com Porto Capital da Cultura, a Orquestra Nacional do Porto deverá ser expandida, segundo Filipe Pires, o seu director artístico, atingindo um total de 80 músicos. É nessa altura que deverá vir a ocupar novas instalações - a Casa da Música. Pires não arrisca um número superior, que permitiria uma maior diversidade musical, porque isso "talvez viesse a retardar o processo de passagem da orquestra a sinfónica". De qualquer forma, sobre a identidade desses novos músicos não há ainda grandes pistas, mas, como sublinha Filipe Pires, "com a integração na União Europeia não se podem abrir concursos apenas a nível nacional", antevendo-se portanto, desde já, mais uma remessa de músicos estrangeiros a trabalhar em Portugal.·ORQUESTRA METROPOLITANAUma máquina de produçãoA Orquestra Metropolitana de Lisboa, com 45 músicos, faz parte da Associação Música-Educação e Cultura, uma instituição sem fins lucrativos, que tem um orçamento para 1999 de cerca de 540 mil contos. A associação - que é um exemplo único de articulação entre o ensino e a exibição profissional - junta duas orquestras (a própria Metropolitana e a Orquestra Académica Metropolitana) e quatros escolas de música. São elas a Academia Nacional Superior de Orquestra (ensino superior), o Conservatório Metropolitano de Música de Lisboa (ensino básico e secundário), a Escola Metropolitana de Música de Lisboa (iniciação) e a Academia Metropolitana de Amadores de Música. A orquestra, criada em 1992, foi fundada pela Câmara Municipal de Lisboa, pelos ministérios da Cultura e da Educação, pelas secretarias de Estado do Turismo e da Juventude, e ainda pelo Metropolitano. Tem, neste momento, o apoio de 13 câmaras, mais patrocínios privados, e vai abrir uma filial em Vila Franca de Xira. Para o maestro, Miguel Graça Moura. "é absolutamente fundamental" a articulação entre ensino e exibição profissional - "porque é assim que se fazem os músicos" -, considerando que a sua equipa é uma "campeã", porque em 1998 desempenhou 575 espectáculos e animações escolares. ·ORQUESTRA GULBENKIANUma situação de privilégioA Orquestra Gulbenkian é, a todos os níveis, tida como um caso único no panorama nacional. Integrada no orçamento geral da Fundação Calouste Gulbenkian, a orquestra, nas palavras da direcção, "não representa qualquer peso no orçamento estatal". Tem um quadro de 60 músicos, que não inclui o concertino (um artista convidado), o maestro titular ou o director artístico. No panorama geral, os números do seu orçamento evidenciam uma situação de privilégio: um milhão de contos, orçamento idêntico ao da OSP, mas com quase metade dos músicos. Destes, 500 mil contos representam a massa salarial fixa. Em 1997, os custos de produção de orquestra, que incluem unicamente gastos extraordinários, como a remuneração dos músicos fora do quadro e os artistas convidados, despesas de equipamento e serviços relativos a concertos e digressões, foram de cerca de 300 mil contos.

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