Universidades abrem aulas práticas e laboratoriais no próximo mês

Beira Interior será a primeira a retomar, no dia 11. Apenas alunos de cadeiras práticas e laboratoriais vão voltar às salas, enquanto estudantes deslocados vão poder continuar à distância. Universidade dos Açores é a única a dizer que não tem condições de o fazer.

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ADRIANO MIRANDA

Haverá aulas em algumas universidades no próximo mês, tal como pretendia o Governo, mas só em cadeiras práticas e laboratoriais. As universidades da Beira Interior e da Madeira e algumas faculdades, como a de Belas Artes do Porto, vão retomar as actividades presenciais na segunda e terceira semanas de Maio.

A Universidade da Beira Interior (UBI), sediada na Covilhã, será a primeira a voltar a ter aulas presenciais. A reitoria quer retomar o ensino prático e laboratorial, bem como o trabalho de campo, a partir de 11 de Maio e no horário habitual. Estas aulas “constituem uma percentagem reduzida das actividades lectivas”, avança fonte da instituição ao PÚBLICO. A decisão final sobre o regresso às aulas cabe a cada professor e tem que ser negociada com os estudantes. Há duas semanas, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior deu indicações às instituições de ensino superior para prepararem um regresso faseado às actividades presenciais depois do fim do estado de emergência.

“Para evitar o reinício das deslocações”, a UBI decidiu também que, nesta primeira fase, as aulas vão ser retomadas apenas pelos alunos que vivem na Beira Interior ou que não regressaram ao seu concelho de origem durante a suspensão das actividades lectivas. Quando os restantes puderem regressar, a universidade prevê fazer o rastreio “do máximo de estudantes que for possível”, tendo em atenção a incidência da doença em cada localidade.

Uma semana depois da UBI, também a Universidade da Madeira quer voltar a ter aulas das disciplinas que “não tenha sido exequível leccionar à distância, nomeadamente de aulas laboratoriais”. Antecipando constrangimentos, a universidade prevê que algumas cadeiras possam ter que ser prolongadas até Julho ou mesmo Setembro para cumprir os planos de estudos.

Em sentido contrário, “todas as unidades curriculares e suas componentes, que podem ser leccionadas em regime não presencial, deverão continuar” a sê-lo desse modo até ao fim do semestre, estabelece o reitor, José Carmo, num despacho desta semana. Todas as universidades decidiram no mesmo sentido: as aulas teóricas vão continuar a ser dadas à distância e apenas um número reduzido de matérias vão ser trabalhadas em contexto presencial.

As instituições estão também a preparar regimes excepcionais para os alunos deslocados que não tenham condições de voltar às aulas, como por exemplo, estudantes do continente que estudem nas ilhas, ou vice-versa, ou os alunos estrangeiros que tenham, entretanto, regressado aos seus países de origem. Para esses casos, a generalidade das universidades vai permitir que continuem a fazer o ensino à distância, mesmo em disciplinas em que as aulas presenciais sejam retomadas. As avaliações também serão feitas em ambiente digital, quase sempre incluindo provas orais feitas por videoconferência.

Há outras instituições de ensino superior que pretendem retomar as aulas já em Maio – ainda que os calendários de regresso às actividades presenciais que estão a ser apresentados ao Governo se prolonguem até à segunda semana de Junho. Por exemplo, a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto prevê o início gradual das actividades dos ateliers e oficinas durante o mês de Maio, de modo a terminar o semestre no final do mês.

Também o Iscte – Instituto Universitário de Lisboa pretende retomar algumas aulas práticas ainda em Maio. No entanto, o plano ainda não está concluído. A reitora, Maria de Lurdes Rodrigues, nomeou um grupo de trabalho “que está a analisar as possibilidades e as condições necessárias para a retoma gradual das actividades” e cujo trabalho só será concluído na próxima segunda-feira.

Universidades como as do Minho, Évora, Lisboa ou Coimbra, que já tinham anunciado que não retomariam as aulas presenciais até ao final do ano lectivo, deverão ter ainda algumas aulas presenciais nos próximos dois meses, em disciplinas práticas, mas os seus planos estão ainda a ser ultimados, não havendo uma data para que isso aconteça.

A única universidade que afasta um cenário de retoma das aulas presenciais é a dos Açores. “A situação no arquipélago dos Açores é muito diferente da observada no Continente e desconhece-se, em absoluto, como vai evoluir”, justifica o reitor, João Luís Gaspar. Estando proibidas as deslocações aéreas e marítimas entre ilhas e o número de voos para a região limitado, “não estamos a considerar recomeçar actividades lectivas presenciais, pois a entropia que a mobilidade dos estudantes iria introduzir na normalidade que conseguimos entretanto alcançar através do ensino a distância seria altamente prejudicial”.

Ao contrário do que fizeram os institutos politécnicos, que, na semana passada, anunciaram uma estratégia comum para o regresso às aulas presenciais – em Junho e para um número residual de alunos – as universidades não têm uma decisão conjunta sobre o tema. A posição do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas é a de que “a melhor forma de articulação é deixar cada instituição decidir em função da sua realidade”, explica o presidente daquele organismo, Fontainhas Fernandes. Por isso, não só cada instituição terá o seu próprio plano de retoma das actividades presenciais, como dentro das próprias universidades, sobretudo nas maiores, haverá estratégias diferenciadas nas várias faculdades.

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