Governo lança concurso de 25 milhões para ligar Lousã às portas de Coimbra

Troço urbano deve ser lançado até ao final do ano, refere ministro das Infraestruturas, Pedro Marques.

Foto
Pedro Marques, estima que os autocarros eléctricos comecem a circular entre Serpins e o Alto de São João até 2021 Nuno Ferreira Santos

O primeiro troço do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) vai ligar Serpins, no concelho da Lousã, ao Alto de São João, às portas de Coimbra, e deve levar cerca de dois anos a entrar em funcionamento.

O governo foi nesta segunda-feira a Miranda do Corvo lançar o concurso para empreitada de instalação de infra-estruturas ao longo de 30 quilómetros da linha suburbana do SMM, num investimento de 25 milhões de euros. Ao longo desta parte do percurso, os autocarros eléctricos circularão a uma velocidade máxima de 60 quilómetros em via única e canal dedicado.

Num canal onde estava previsto circular um metropolitano, será necessário adaptar 13 pontes e pontões e sete túneis ferroviários. A linha suburbana que vai da entrada de Coimbra a Serpins e passa por Miranda do Corvo terá 17 paragens e quatro zonas específicas de cruzamento de veículos.

As propostas a concurso poderão ser apresentadas até Maio deste ano sendo que, após a consignação, a empreitada terá uma duração de 15 meses, anunciou o presidente da Infra-estruturas de Portugal, António Laranjo, na apresentação que decorreu na Câmara Municipal de Miranda do Corvo.

O sistema de metrobus vem assim substituir grande parte do percurso do Ramal da Lousã, linha ferroviária onde a circulação foi interrompida em 2010 com o pretexto de instalar um metropolitano ligeiro de superfície. Os carris foram levantados e as obras chegaram a arrancar, mas a empreitada foi interrompida em 2011. Desde então, a ligação entre Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra tem sido feita com autocarros.

Para o primeiro-ministro António Costa, o atraso explica-se com a necessidade de “garantir o financiamento da solução” prevista. Isto porque “a história das últimas décadas está cheia de projectos, designadamente neste corredor, que seguramente eram encantadores, mas que pura e simplesmente não eram viáveis”. Era preciso “desenhar o modelo” e “negociar em Bruxelas, no quadro da reprogramação” de fundos comunitários.

O total de investimento no Sistema de Mobilidade do Mondego ronda os 120 milhões de euros, incluindo a adaptação da via, o material circulante, a reabilitação da estação de Coimbra-B, tendo as empreitadas assegurada a comparticipação de fundos comunitários.

O ministro das Infra-estruturas, Pedro Marques, estima que os autocarros eléctricos comecem a circular entre Serpins e o Alto de São João até 2021. No entanto, não avançou ainda com uma previsão para o início da circulação na parte urbana da linha, que ligará o Alto de São João à estação ferroviária de Coimbra-B e a beira-rio aos Hospitais da Universidade de Coimbra. O primeiro troço, cujo concurso foi nesta segunda-feira lançado, circula “a partir de 2021”. “Depois, com a conclusão das obras”, começa a restante parte sistema avançará “gradualmente”, afirmou Pedro Marques à saída da apresentação.

A Infra-estruturas de Portugal estima que o SMM transportará 14 milhões de passageiros por ano o que, de acordo com o ministro, significa “dez vezes mais procura” do que a registada “quando o ramal encerrou”. Pedro Marques refere que “mais de metade dos destinos da população da Lousã e de Miranda em Coimbra não eram servidos pelo anterior ramal”, o que significa que, “chegando ao fim da viagem, as pessoas tinham de apanhar um autocarro ou outro tipo de transporte para o resto da cidade”.

O presidente da Câmara Municipal de Miranda do Corvo, Miguel Baptista, classificou os últimos anos desde que o Ramal da Lousã foi desactivado como “um período muito difícil”, tendo ouvido de Pedro Marques que o lançamento deste concurso é um “passo que já não tem volta atrás”.

António Costa, que deixou Miranda do Corvo sem falar aos jornalistas, aproveitou a sessão de lançamento para lançar um repto: “é sempre bom aproveitar as lições daquilo que correu mal. Este é mais um exemplo de como o país precisa de um programa nacional de infra-estruturas, que seja devidamente debatido, discutido, ponderado nas diferentes soluções alternativas e que depois haja decisão e determinação na sua execução”.

Acrescentou que o metrobus é “também a solução que melhor se adapta ao desafio de revitalização da cidade de Coimbra”, uma vez que “tem a vantagem de não ficar às portas da cidade”, como acontecia com o Ramal da Lousã. “Pelo contrário, pode entrar no miolo e ajudar à revitalização” do centro urbano.

Para isso, falta avançar com o troço urbano e resolver as questões de um percurso no meio da cidade com 12 quilómetros de extensão em via dupla, onde a velocidade máxima dos autocarros eléctricos será de 50 quilómetros por hora. A autarquia de Coimbra avançou com a abertura de parte da Via Central, na baixa da cidade, para facilitar a ligação da linha dos hospitais. No entanto, há demolições de edifícios por fazer para que os autocarros eléctricos possam passar. Na apresentação da solução para o SMM, em Junho de 2017, o estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil previa que fosse abandonado o túnel de Celas, mas não clarificava qual seria a alternativa.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários