Costa diz que greve dos enfermeiros é "selvagem" e "absolutamente ilegal"
O primeiro-ministro defendeu esta tarde que a greve "cirúrgica" dos enfermeiros é "absolutamente ilegal", dando várias argumentos para a sua afirmação, incluindo o facto de a Ordem dos Enfermeiros estar envolvida.
António Costa veio esta sexta-feira a terreno apoiar a ministra da Saúde, Marta Temido, na intenção de tentar acabar com a greve dos enfermeiros por via judicial. Em declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro caracterizou a greve como "selvagem" e atentatória dos direitos dos doentes.
"Aquilo que é o exercício da actividade sindical, o que é o exercício legítimo do direito à greve", disse, não deve ser confundido "com práticas que não são greves cirúrgicas, mas sim greves selvagens, que visam simplesmente atentar contra a dignidade dos doentes, contra a função do SNS e que são absolutamente ilegais", defendeu durante uma visita a Torre de Moncorvo.
Para acabar com esta prática, Costa disse que o Governo irá recorrer "a todos os meios legais ao nosso alcance para impedir que haja a prática do recurso ilegal à greve, o abuso dos direitos que prejudicam os doentes".
Mas mais do que isso, o primeiro-ministro quer que seja avaliado se há "o exercício de funções sindicais por instituições que legalmente estão expressamente proibidas de terem qualquer actividade sindical". Em causa está o envolvimento da Ordem dos Enfermeiros, cuja bastonária é Ana Rita Cavaco, militante do PSD.
Para o primeiro-ministro, é preciso distinguir os sindicatos que têm greves marcadas "no escrupuloso respeito de um direito constitucional que é o direito à greve e relativamente ao qual, concordemos ou não, devemos respeitar", de outros que "pura e simplesmente estão a adoptar formas de luta que são manifestamente ofensivas dos direitos dos doentes, das necessidades do Serviço Nacional de Saúde e que são seguramente ilegais".
Mais do que avaliar a própria greve, o líder do Governo quer que se clarifique sobre os métodos de financiamento das greves. Há "a necessidade de haver uma clarificação sobre formas de financiamento da greve, algumas delas sabe-se lá por quem e com que intenção e não poderá haver qualquer dúvida que manche a dignidade do movimento sindical", referiu.