Venezuela: Governo admite preparar planos para apoio a portugueses que queiram sair do país
O ministro da Defesa admitiu a possibilidade de enviar forças militares para a Venezuela para apoiar os portugueses, mas "por enquanto não há nenhuma circunstância que justifique accionar”.
O ministro português da Defesa, João Gomes Cravinho, afirmou esta quarta-feira que Portugal admite, como outros países europeus, enviar forças militares para a Venezuela para apoiar os portugueses, mas vincou que isso ainda não está em cima da mesa.
"Actualmente, isso não está em cima da mesa. Naturalmente que, se a situação o justificar, teremos de ter planos para tal", referiu o governante, falando aos jornalistas em Bucareste, na Roménia, à margem da reunião informal dos ministros da Defesa da União Europeia (UE).
Questionado sobre um possível plano militar para apoiar a saída de portugueses ou de luso-descendentes da Venezuela, dada a crise política e social no país, João Gomes Cravinho assinalou que esta “é uma matéria que tem sido discutida de forma hipotética, com outros países também, mas por enquanto não há nenhuma circunstância que justifique accionar”.
Estas “impressões” foram trocadas com países como França, Espanha e Itália, com os quais Portugal trabalha “de forma muito próxima”, por serem geograficamente perto e por terem a mesma “forma de trabalhar”, adiantou o responsável português da Defesa.
“Não há, neste momento, nenhum planeamento concreto, mas, naturalmente, que se se justificasse estaríamos em contacto com esses países para trabalhar em conjunto”, reforçou João Gomes Cravinho, notando que isso também aconteceria com crises semelhantes “noutras partes do mundo”.
A reunião informal dos ministros da Defesa da UE ocorre numa altura de impasse na Venezuela, nomeadamente após o ultimato europeu para eleições naquele país.
A crise política na Venezuela agravou-se há uma semana, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, chefe de Estado desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento, maioritariamente da oposição, como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos da América.
A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias (a contar desde sábado passado), findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.
A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou 35 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas. Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou luso-descendentes.