Um quiosque de notícias falsas contra a desinformação
Campanha da Columbia Journalism Review quer discutir o perigo das fake news. E ajudar o público a distinguir o verdadeiro do falso.
Está na esquina da 42nd Street com a 6th Avenue, em Nova Iorque, e parece um quiosque igual a tantos outros. Mas não é. Na bancada, os leitores não vão encontrar os jornais e revistas aos quais estão habituados, mas outros, com design semelhante mas nomes distintos, como o The Informationalist, New York Paper ou The Hour. As manchetes foram retiradas de notícias falsas que circulam em vários sites. Trágico? Seria se não se tratasse de uma campanha da Columbia Journalism Review precisamente para discutir o perigo das fake news.
As notícias são quase todas bombásticas. Estrelas de Hollywood que bebem sangue de bebés para crescerem, a presença de analgésicos na água, Trump a declarar que os EUA nunca deviam ter dado a independência ao Canadá, “compra” de manifestantes contra o presidente norte-americano. Estrondosas, portanto, mas não inéditas: todas foram reproduzidas em sites de fake news e fizeram muitos acreditar que eram verdade.
"Embarcámos nesta iniciativa para ajudar as pessoas a identificar a desinformação", explicou o editor da Columbia Journalism Review, Kyle Pope, citado na própria revista. “Pela primeira vez, estamos a levar histórias falsas do espaço digital para o espaço físico e a colocá-las directamente nas mãos de pessoas reais. Isso torna essas histórias tangíveis de uma forma que obriga as pessoas a pensarem sobre a fonte da informação.”
O fenómeno não é novo, mas apresenta contornos cada vez mais complexos e ganhou notoriedade durante as eleições presidenciais nos EUA e, mais recentemente, no Brasil.
Em Portugal, o problema também ganha espaço. Como revelou uma investigação do Diário de Notícias, uma empresa de Santo Tirso será o epicentro de uma rede de imagens falsas espalhadas pela internet. Por causa dela, muitos partilharam, por exemplo, a fotografia do relógio da líder bloquista Catarina Martins, uma compra de 21 milhões.
O quiosque americano está repleto de capas cheias de notícias falsas. Mas dentro cabe algo importante: uma espécie de manual de combate às fake news, também disponível online, com dicas para os leitores aprenderem a distinguir o verdadeiro do falso.
A campanha desenhada pela agência TBWA/Chiat/Day para a revista Columbia Journalism Review é uma continuação da campanha Real Journalism Matters. Na primeira acção, leitores apareciam a ler jornais aparentemente normais, mas quem observasse de perto as fotografias percebia que estavam a informar-se a partir de fontes no mínimo duvidosas, como Some Guy's Blog, Retweets From Strangers e Dad's Facebook Posts.