Cavaco Silva: “Nunca pensei que BE e PCP se curvassem com tanta facilidade”

Ex-presidente da República deu entrevista à TSF a propósito do lançamento do volume mais recente das suas memórias.

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Miguel Manso

O ex-presidente da República Cavaco Silva revela que o surpreendeu a facilidade com que o Bloco de Esquerda e o PCP “se curvaram” perante as imposições ditadas ao país pelo ministro das Finanças Mário Centeno.

Numa entrevista à TSF a propósito do lançamento do volume mais recente das suas memórias, Quinta-Feira e Outros Dias: Da Coligação à Geringonça, o antigo líder do PSD, compara a atitude destes partidos de esquerda face à austeridade decretada nos tempos do Governo de Pedro Passos Coelho com aquela que manifestam agora, com o Governo socialista, e não tem dúvidas: "Agora aceitam com toda a facilidade a imposição do ministro das Finanças - correctamente - para respeitar aquilo que ele próprio procura impor no Eurogrupo aos outros países, nos mais variados domínios fiscais ou de despesas públicas."

Uma atitude que o ex-presidente da República admite nunca ter antecipado. "Nunca pensei que Bloco de Esquerda e PCP se curvassem com tanta facilidade” às exigências ditadas pela redução do défice, observou Cavaco Silva, dando como exemplo os cortes efectuados na área da saúde. "Anteriormente atacavam com grande violência o Governo de Passos Coelho, em particular em matéria orçamental", sublinhou, elogiando ao mesmo tempo o trabalho de Mário Centeno: "Agora podia fazer parte de um governo social-democrata da direita."

“Os populismos estão um pouco na moda”

Sobre o que se está a passar no Brasil, preferiu não se alongar em comentários, uma vez que Portugal terá de lidar com o Governo que sair das eleições deste domingo, previsivelmente dirigido por Jair Bolsonaro. Mas sempre foi dizendo que o caminho que este país está a seguir não lhe agrada. “Os populismos estão um pouco na moda”, lamentou, apontando ainda as “inclinações xenófobas de alguns países europeus” que não contava vir a testemunhar. Para concluir: “A solidariedade está um pouco na mó de baixo na União Europeia”. Seja como for, uma coisa Cavaco Silva diz poder garantir: "Independentemente de quem vier a ganhar as eleições, o Governo português não vai propor a expulsão do Brasil da Comunidade de Países de Língua Portuguesa."

A política externa dos EUA foi igualmente alvo das críticas do ex-chefe de Estado, nomeadamente no que diz respeito ao proteccionismo económico. “Como foi possível ter sido eleito um Presidente da República que despachou um ministro dos Negócios Estrangeiros pelo Tweeter?”, questionou.

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