Cavaco, as dúvidas sobre “a geringonça” e os elogios à outra coligação

Passos Coelho esteve presente na apresentação do livro de Cavaco Silva e promete juntar as suas memórias às do antigo Presidente.

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Miguel Manso
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Cavaco Silva voltou nesta quarta-feira a sublinhar as “dúvidas” que sempre teve em relação à “geringonça”, durante a apresentação do segundo volume do livro Quinta-feira e outros dias, “uma prestação de contas” do seus dois mandatos como Presidente da República. Presente esteve Pedro Passos Coelho, que também vai escrever as suas memórias políticas, e viu o seu Governo com o CDS elogiado, por ser a primeira coligação “a cumprir uma legislatura até ao fim” .

No auditório 2 da  Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Cavaco Silva referiu-se sempre à coligação de apoio ao Governo entre o PS, BE, PCP e Os Verdes, como a “geringonça”, ou “a chamada geringonça”. Acentuou as dúvidas que teve na altura, mas nada referiu sobre o facto de esta coligação parlamentar se preparar para cumprir a legislatura.

Lembrou que essas dúvidas se deviam especialmente por a “geringonça” integrar partidos que, “nessa altura” não defendiam os interesses do Estado. E acrescentou que foi por isso que pediu por escrito ao líder do PS, António Costa, os objectivos e compromissos do seu Governo.

Cavaco nada disse sobre o facto de a “geringonça” se preparar para cumprir a legislatura, mas elogiou a coligação entre o PS e CDS, que formou o anterior Governo, por ser “a primeira coligação a cumprir uma legislatura até ao fim”.

"Os partidos que compõem as coligações procuram distinguir-se do seu parceiro e afirmar-se autonomamente perante a opinião pública, esquecendo, às vezes, os interesses comuns. Em momentos particularmente difíceis, que são relatados neste livro, os líderes do PSD e do CDS-PP, Passos Coelho e Paulo Portas, souberam encontrar o caminho do superior interesse nacional", elogiou Cavaco Silva, reconhecendo que, embora tivesse discordado várias vezes das opções do Governo de coligação, "o certo é que o país evitou um segundo resgate financeiro e reencontrou uma trajectória de crescimento económico e de criação de emprego".

Já saída, aos jornalistas, Cavaco Silva disse que este deverá ser o seu último livro de memórias políticas. "Penso que está dito aquilo que era importante dizer para que as gerações futuras possam estar apetrechadas com o conhecimento (...), para evitar que Portugal volte a cair numa situação de bancarrota", referiu.

Ainda em durante a apresentação, em jeito de recado aos que criticam a publicação das suas memórias (o socialista Carlos César, por exemplo, classificou-o como uma “delação” e “devassa”), Cavaco Silva disse que sempre viu na prestação de contas "um imperativo de quem ocupa altos cargos públicos" e lembrou que, enquanto primeiro-ministro e Presidente, fez 23 publicações a "prestar contas". “Nunca receei ser submetido ao exame de consistência das posições assumidas."

Passos também vai escrever memórias

Já no final da apresentação, Passos Coelho, em declarações aos jornalistas, saudou a "contribuição muitíssimo relevante" para o entendimento dos tempos da troika que as memórias de Cavaco apresentam, mas prometeu "dizer e juntar" muitas coisas no livro que está a escrever. Ou seja, as suas memórias sobre esses tempos. 

"Terei muito para dizer e para juntar, em complemento do que agora fica conhecido, julgo que pode dar um contexto mais alargado também, de entendimento sobre aquilo que se passou no país nesses anos", afirmou. “[O livro de Cavaco] não diz tudo, mas tudo o que diz é importante para que se perceba o que se passou”,  acrescentou o antigo primeiro-ministro.

Passos afirmou ainda que “é hoje patente que além da excelente cooperação institucional” que manteve com Cavaco Silva, houve “discordâncias sensíveis sobre assuntos que eram relevantes”, mas que isso “não impediu que o país não tivesse beneficiado do relacionamento” que disse ter sido “impecável”.

Sobre o livro que está a escrever, adiantou que ainda não está terminado. "Não tenho pressa (…) “Nada corre atrás de mim, não tenho uma data fixada, mas posso dizer que ainda não acabei de o escrever”. E assegurou que está "fora da actividade política e partidária" e que assim continuará.

Questionado se, como alguns afirmam, que está a preparar uma eventual tentativa de regressar à presidência do PSD, limitou-se a afirmar: “Nada, nada, nada”. 

No lançamento de Quinta-feira e Outros Dias: da Coligação à Geringonça, estiveram também presentes Ramalho Eanes, antigo Presidente da República, a ex-ministra das Finanças de Passos, Maria Luís Albuquerque, e deputados do PSD, como Hugo Soares, antigo líder parlamentar da bancada social-democrata, Berta Cabral, Teresa Morais e Nilza de Sena. Leonor Beleza, que apresentou o livro, Manuela Ferreira Leite e Nunes Liberato, antigo chefe da Casa Civil durante a presidência de Cavaco Silva, também compareceram. Da actual direcção do PSD esteve presente David Justino.

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