Mais de duas mil pessoas protestam contra mina de urânio junto à fronteira
Protesto organizado por empresários de pecuária da região contou com o apoio da plataforma Stop Urânio e de mais 42 câmaras municipais da província de Salamanca.
Mais de duas mil pessoas, segundo a organização, manifestaram-se neste sábado em Vitigudino, Salamanca, contra o projecto da mina de urânio de Retortillo, junto à fronteira portuguesa.
A manifestação começou por volta das 13h (meio-dia em Portugal Continental) com os manifestantes a empunharem cartazes contra a mina com frases como "não à mina, sim à vida", "Salamanca pecuária, nunca mineira" ou "não à mina que mata e contamina".
O protesto foi organizado por empresários de pecuária da região e contou com o apoio da plataforma Stop Urânio e de mais 42 câmaras municipais do oeste da província de Salamanca.
Entre os manifestantes estava o dirigente da Esquerda Unida do Reino de Castela e Leão, que acredita que "o projecto Berkeley tem os dias contados" e que haverá uma "derrota da multinacional Berkeley, graças à mobilização de milhares de donos de explorações pecuárias".
Também os ambientalistas espanhóis e portugueses contestam a construção, pela mineira Berkeley, de uma mina a céu aberto em Retortillo, a 40 quilómetros de Portugal, alegando graves impactos para o ambiente e para a saúde.
Os ministérios portugueses do Ambiente e dos Negócios Estrangeiros anunciaram a 24 de Maio que Espanha tinha prestado "informação detalhada" sobre os projectos de exploração mineira de urânio de Salamanca e de Retortillo-Santidad, em zonas fronteiriças, garantindo que Portugal será envolvido no processo.
Em Março, a Assembleia da República tinha aprovado um conjunto de sete resoluções, com origem em todas as bancadas, com recomendações ao Governo português para adotar medidas junto do executivo espanhol que suspendam a exploração de urânio em Salamanca.
Por seu lado, a Agência Portuguesa do Ambiente considerou que o projecto de exploração mineira de urânio em Retortillo é "susceptível de ter efeitos ambientais significativos em Portugal", pela proximidade com a fronteira e tendo em "atenção a direcção dos ventos" de este e nordeste.
A Berkeley aponta para um investimento de 75 milhões de euros, podendo chegar a 250 milhões a longo prazo, o que criaria 450 postos de trabalhos directos e cerca de dois mil indirectos, estando o início da produção de urânio previsto para 2019.