Força Aérea e Exército disponibilizam geradores a zonas sem electricidade
A maioria das falhas de energia concentra-se nos concelhos de Soure, Figueira da Foz e Montemor-o-Velho, no distrito de Coimbra. A tempestade tropical Leslie passou em Portugal na madrugada de sábado e causou danos materiais sobretudo na região Centro. A EDP pede que pessoas sem luz contactem a linha de apoio ao cliente.
Para dar resposta às dezenas de milhares de lares que continuam sem electricidade após a passagem da tempestade tropical Leslie, o Exército e a Força Aérea forneceram nesta terça-feira 19 geradores (seis da Força Aérea e 13 do Exército) para colmatar as falhas energéticas em Coimbra, o distrito mais fustigado pela intempérie. “Os geradores ficarão lá enquanto a EDP os considerar necessários”, diz ao PÚBLICO o porta-voz da Força Aérea, tenente-coronel Manuel Costa. Cerca de 60 mil casas, a maioria na região Centro do país, continuavam ao fim da tarde de segunda-feira sem energia eléctrica.
A entrega dos geradores foi feita nesta terça-feira a pedido da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). Os geradores entregues pela Força Aérea foram levados por três camiões que partiram do Depósito Geral de Material da Força Aérea, em Alverca. Além dos geradores, a reposição das linhas afectadas está também a ser feita através da reparação das linhas de média tensão.
A EDP pediu esta terça-feira às pessoas que ainda estão sem luz por causa da tempestade para contactarem a linha de apoio ao cliente, num momento em que os trabalhos de reposição focam-se em casos pontuais. Em declarações aos jornalistas em Soure, o presidente da EDP Distribuição, João Torres, afirmou que espera passar a ter menos de 30 mil lares sem luz até ao final do dia, referindo que a maioria das situações de falhas no fornecimento de energia concentra-se nos concelhos de Soure, Figueira da Foz e Montemor-o-Velho, no distrito de Coimbra.
Na Figueira da Foz, o restabelecimento total de energia eléctrica deverá acontecer até ao final do dia de quarta-feira, afirmou o presidente da câmara, João Ataíde. "A cobertura total é feita com a ajuda de geradores, que substituem os postos de transformação que ficaram mais danificados", explicou o autarca, que estima que existam ainda 4000 pessoas sem electricidade no concelho (metade do número que se contabilizava na segunda-feira). A situação "mais preocupante é a freguesia de Maiorca, onde caiu uma linha de alta tensão e 20 postos de média tensão foram afectados".
Reparação com 750 trabalhadores
O presidente da EDP Distribuição acrescenta que foi pedido às autarquias – câmaras e juntas – que identificassem situações pontuais de falhas de alimentação eléctrica que possam passar a surgir na quarta-feira, altura em que a maioria da rede de linhas de média tensão estará reposta.
Segundo o responsável, das 200 linhas que tinham ficado afectadas pela tempestade Leslie, estima-se que até ao final desta terça-feira fiquem apenas cerca de dez linhas por repor. João Torres acredita agora que, até ao final da semana, seja possível resolver todas as situações, para que se possa ter "um fim-de-semana tranquilo".
No terreno estão mais de 750 trabalhadores da EDP, aos quais se devem juntar funcionários da empresa em Espanha para ajudar nos trabalhos de reposição do fornecimento de luz.
"Só paramos quando acender a luz na última habitação", vincou João Torres, sublinhando que, se no caso dos incêndios de Outubro de 2017 ficaram fora de serviço 750 postos de transformação, com a tempestade Leslie foram afectados mais de quatro mil.
O presidente da Câmara de Soure, Mário Jorge Nunes, mostrou-se optimista quanto à possibilidade de 90% da população ter a luz reposta nas suas casas ainda nesta terça-feira. O Exército também está com a EDP a ajudar no terreno, tal como em outros locais da região Centro.
A passagem da tempestade tropical Leslie pelo território continental de Portugal causou 28 feridos ligeiros e 61 desalojados. A Protecção Civil mobilizou 8217 operacionais, que tiveram de responder a 2495 ocorrências, sobretudo queda de árvores e de estruturas e deslizamento de terras. Com Lusa