Sánchez e Iglesias fecham acordo de orçamento com maior aumento de sempre do salário mínimo
PSOE e Podemos conseguiram entender-se sobre o Orçamento de Estado para o próximo ano, mas nem assim o primeiro-ministro tem garantias de aprovar o documento.
O socialista Pedro Sánchez, presidente do Governo espanhol, chegou a um acordo com Pablo Iglesias, do Podemos, para fechar o Orçamento do Estado para o próximo ano, que prevê, entre outras coisas, o maior aumento do salário mínimo da história democrática de Espanha.
O PSOE de Sánchez chegou ao poder depois de ter conseguido fazer aprovar uma moção de censura contra o anterior primeiro-ministro, Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP). Para isso, o socialista contou com o apoio de históricos adversários políticos, como os independentistas catalães e nacionalistas bascos, e também do Podemos.
Fechar o Orçamento do Estado é um dos principais desafios de Sánchez para manter o frágil apoio parlamentar que sustenta o seu executivo. O acordo anunciado nesta quinta-feira assegura, para já, um importante apoio mas não chega para fazer aprovar o documento no Congresso, faltando os votos dos eleitos da Catalunha que recusam apoiá-lo.
A principal medida incluída neste orçamento é a subida do salário mínimo dos 736 euros para os 900. Um aumento de cerca 21%. Não é ainda certo a partir de quando estes valores entrarão em vigor, visto que não é esperado que o documento seja votado antes de Fevereiro e o Governo não se compromete a subir o salário mínimo no final do ano.
Além disto, foram ainda acordadas 21 medidas, entre as quais a subida de 3% das pensões, que poderão aumentar a despesa pública em mais de cinco mil milhões de euros.
A Confederação Espanhola de Organizações Empresariais já veio manifestar preocupação com este tipo de medidas, nomeadamente o aumento do salário mínimo, que, diz, “põe em causa o diálogo social” e terá “efeitos negativos” na negociação colectiva e na economia, segundo cita o jornal El Mundo.
Apesar de admitir que está “moderadamente satisfeito” com o acordo alcançado, pois não conseguiu tudo o que procurava, Iglesias aproveitou para piscar o olho a uma futura coligação governamental: “Este é o início de uma nova etapa na política económica espanhola que penso que terminará com um Governo de coligação”, disse ao El País.