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Trump vai deixar de financiar agência da ONU que apoia refugiados palestinianos

Estados Unidos defendem redução do número de deslocados abrangidos pelo programa, de cinco milhões para 500 mil.

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Donald Trump Reuters/YURI GRIPAS

Donald Trump vai pôr um ponto final no financiamento da agência das Nações Unidas que presta apoio aos mais de cinco milhões de refugiados palestinianos. A decisão foi confirmada à CNN por um diplomata norte-americano e por um membro da Administração e deve ser oficializada na próxima semana, segundo a Reuters.

Depois da redução da sua contribuição no início do ano, justificada pela necessidade de reformas no programa, os Estados Unidos avançam agora para o corte total.

De acordo com as fontes da CNN, a decisão foi tomada numa reunião entre o secretário de Estado Mike Pompeo e o genro e conselheiro de Donald Trump, Jared Kushner. Contou ainda com o apoio da embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley.

A Casa Branca defende a redução do número de refugiados abrangidos pelos serviços da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) para apenas 500 mil. A Administração Trump entende que só aqueles que foram fisicamente deslocados das suas casas ao tempo da criação da agência, em 1949, é que devem ser apoiados pelo programa, excluindo-se, dessa forma, os milhões de descendentes actualmente espalhados pelos territórios ocupados por Israel, pela Jordânia, pelo Líbano e pela Síria.

A UNRWA fornece apoio médico, social e educativo na Cisjordânia, em Gaza e nos Estados vizinhos. Tem quase 700 escolas, 150 clínicas e tem sob a sua alçada a educação de cerca de 500 mil crianças.

Tem sido muito criticada pelo primeiro-ministro israelita e aliado próximo do Presidente, que defende a sua abolição. Benjamin Netanyahu diz que as responsabilidades da agência devem ser alocadas ao Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados. 

Citado pelo Washington Post, o secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina (OLP) acusa os EUA de estarem a “violar direito internacional” com esta decisão, uma vez que a agência foi criada através de um mandato da ONU. “Existe uma obrigação internacional de assistência e de apoio até que todos os problemas dos refugiados palestinianos sejam resolvidos”, defende Saeb Erekat.

Desde que foi criada há quase 70 anos, a UNRWA teve sempre os EUA como maior financiador, tendo o país chegado a contribuir com um terço do orçamento anual de 1,1 mil milhões de dólares (cerca de 940 milhões de euros). 

A “retirada” norte-americana do programa já era esperada dentro da agência, noticiam os media norte-americanos, e os seus funcionários olham agora para a Europa e para o mundo árabe em busca de apoio – a Alemanha foi um dos países que no início do ano prometeu aumentar a sua contribuição, por entender, nas palavras do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, que o fim da organização “poderá desencadear uma reacção em cadeia incontrolável” na região.

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