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Greve dos enfermeiros teve adesão de 95%, diz sindicato

Foram canceladas mais de 2000 cirurgias, diz a Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermeiros. Presidente da Fense não concorda com a aprovação de um subsídio de função para os dirigentes da Ordem dos Enfermeiros, apesar de não questionar a sua legitimidade.

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MARIA JOÃO GALA

A greve dos enfermeiros, que durou cinco dias e termina nesta sexta-feira, teve uma adesão de 95%, foi um "êxito" e levou ao cancelamento de mais de 2000 cirurgias, avançou o presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermeiros (Fense).

Em conferência de imprensa em Lisboa, o presidente da Fense, José Correia Azevedo, considerou que a adesão à greve ultrapassou as expectativas dos sindicatos, que era de 60 a 70%, tendo sido de 95%.

José Azevedo congratulou-se com o facto de a população portuguesa ter compreendido e aceitado, "de forma estóica e pacífica", o protesto dos enfermeiros, apesar dos constrangimentos causados no atendimento dos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e responsabilizou o Ministério da Saúde pelo impasse nas negociações com vista à reestruturação da carreira de enfermagem.

Se as reivindicações da Fense não forem acolhidas pelo Governo, José Azevedo admite que a classe "voltará à luta", com "ataques mais evidentes" e até com medidas mais extremas, como a "fuga para Espanha".

Os enfermeiros associados da Fense iniciaram, na segunda-feira, uma greve nacional de cinco dias em protesto contra o impasse na negociação do acordo colectivo de trabalho, que começou há um ano.

José Correia Azevedo sustentou que o povo português precisa que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) "retome rumos mais seguros e sérios e que não seja um negócio" e que a restruturação da carreira de enfermagem seja concretizada pelo Governo.

Subsídio de função para dirigentes

Como "ponto de honra", a Fense exige que a carreira de enfermagem passe a contemplar três categorias: enfermeiro, especialista e director.

"É o ponto de honra do qual não abdicamos", enfatizou o presidente da Fense, lembrando que os enfermeiros são "a base e a estrutura do SNS", pelo criar um sistema sem contemplar esta classe é como "construir uma casa em cima de areia movediça".

Na ocasião, o presidente da Fense lamentou que o movimento sindical dos enfermeiros esteja dividido, já que existe um outro sindicato afecto à CGTP que está a negociar numa outra mesa com o Ministério da Saúde.

Questionado sobre a notícia avançada nesta sexta-feira pelo Jornal de Notícias de que a bastonária dos enfermeiros, Ana Rita Cavaco, levou à aprovação de um subsídio de função para os dirigentes nacionais e regionais da Ordem dos Enfermeiros, numa assembleia-geral no Funchal, em que estiveram presentes apenas 100 enfermeiros, José Correia Azevedo disse "não concordar com o que foi decidido" apesar de não questionar a legitimidade do ato.

"Podem ganhar mais. Não discordo disso, nem das alcavalas que têm", disse, alegando que o aumento não é exagerado tendo em conta que a Ordem dos Enfermeiros tem 10 milhões de euros no banco.

Ressalvou, contudo, que a assembleia-geral que decidiu tais aumentos devia ter sido realizada em Lisboa e não no Funchal, onde a comparência dos membros é dificultada pela distância.