Acção antitouradas acaba com agressões em Albufeira

Uma mulher que não participou no protesto acabou por ser agredida no exterior da praça de touros e apresentou queixa à GNR.

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Imagem do momento em que um dos activistas foi parado na arena, retirada da página de Facebook de Peter Janssen, activista do Vegan Strike Group DR

Mónica Gaspar, que gere um restaurante vegano em Albufeira, apresentou na quinta-feira passada uma queixa na GNR contra desconhecidos por agressões sofridas junto à praça de touros de Albufeira. “Dois homens. Pareciam animais”, descreve ao PÚBLICO. Aconteceu no momento em que a GNR retirava da praça três activistas antitouradas que tinham invadido a arena, segundo conta o Diário de Notícias nesta quarta-feira.

Um vídeo partilhado no Facebook por Peter Janssen, activista do Vegan Strike Group (que se descreve como “uma organização internacional que luta contra o abuso de animais”), mostra os activistas a serem retirados pela GNR da praça de touros, algemados.

Detidos e guardas são perseguidos por outras pessoas que, segundo se vê nas imagens, os agridem. Alguém grita: “Têm alguma coisa que vir para aqui? Se não gostas, ficas em casa.”

Mónica Gaspar, que também é activista antitouradas, conta que não participou no protesto nem foi à tourada. Estava a passar junto às traseiras da praça e apercebeu-se, diz, que algo estaria a acontecer. “Encostei-me num muro e fiquei a observar. Vi três activistas algemados, acompanhados pelos polícias, a saírem, e uma multidão atrás deles que estava a agredi-los e eu gritei ‘parem’. Dois homens vieram ter comigo.” E agrediram-na.

E prossegue: “Ainda quis ir lá dentro com um guarda para identificar um deles, mas ele [o guarda] disse-me que era perigoso.” De quinta-feira até hoje, refere, não recebeu mais nenhum contacto das autoridades.

Na sua edição desta quarta-feira, o Diário de Notícias diz que Peter Janssen, 33 anos, é um activista veterano do Vegan Strike Group que tem interrompido touradas em vários países. E que na quinta-feira, com mais dois activistas portugueses, fê-lo de novo, em Albufeira: invadiu a arena após a lide do primeiro touro.

O jornal acrescenta que foram depois perseguidos por dois militares da GNR e vários outros homens. Uma vez apanhados, foram levados para fora da praça.

Mais duas pessoas citadas no Diário de Notícias relatam ter sofrido agressões no exterior — uma delas, um homem que terá tentado ajudar Mónica quando ela foi atacada; a outra, uma mulher que diz ter sido agredida por agentes da GNR, além de acusar um agente de lhe ter apagado conteúdos do telemóvel (terá feito filmagens com o mesmo).

O Comando Nacional da GNR fez saber ao DN que “no decorrer do evento de tauromaquia verificou a existência de confrontos físicos entre aficionados e activistas, o que obrigou à intervenção da GNR, no sentido de garantir a integridade física dos manifestantes”. Mais: “O Comando Territorial de Faro mobilizou os meios necessários para repor a ordem pública."

Confirma ainda que recebeu uma queixa — a de Mónica. No momento “em que se garantia a protecção de um dos invasores, um militar sofreu ferimentos numa das mãos”, acrescenta ainda a GNR que, segundo o DN, não respondeu às perguntas sobre a alegada agressão à mulher que terá feito as filmagens.

O PÚBLICO contactou o Comando Nacional da GNR. O oficial de dia fez saber que só nesta quinta-feira seria possível prestar informações, através do gabinete de Relações Públicas.

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