O crescimento da economia portuguesa acelerou no segundo trimestre, mas é preciso um pouco mais de velocidade para se atingir o objectivo do Governo, que estima uma subida de 2,3% este ano.

De acordo com os dados da estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta terça-feira, no segundo trimestre o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 2,3% em termos homólogos e 0,5% em cadeia, o que representa um incremento face aos dados dos primeiros três meses do ano (período em que houve um crescimento do PIB de 2,1% e de 0,4%, respectivamente). No entanto, se o ritmo não se intensificar nos próximos dois trimestres, (ou seja, se se mantiver uma subida de 0,5% em cadeia), a economia ficará um pouco abaixo do objectivo, quedando-se pelos 2,1% (menos 0,2 pontos percentuais).

Para chegar aos 2,3% pretendidos é preciso que a economia cresça um pouco mais, com uma variação de 0,7% e de 0,6% no terceiro e no quarto trimestre (num cenário mais negativo, mas improvável, de estagnação da economia nesse período, o valor final seria de 1,8% em termos anuais).

Neste momento, o Governo mostra-se confiante em alcançar o objectivo de aumento de 2,3% do PIB, com o Ministério das Finanças a afirmar, em comunicado divulgado esta terça-feira após terem sido conhecidos os dados do INE, que a estimativa “está alinhada com as expectativas traçadas” pelo executivo para este ano.

Numa nota rápida emitida esta terça-feira, o Gabinete de Estudos Económicos e Financeiros do banco BPI afirmou antecipar que o crescimento em cadeia “permaneça semelhante” ao do segundo trimestre, “reflectindo expectativas positivas para a evolução da actividade exportadora e para o consumo privado, dado o bom momento registado no mercado de trabalho”. As previsões do BPI também apontam para um crescimento de 2,3% na totalidade do ano.

Embora ainda haja poucas informações sobre o que suportou a performance da economia no segundo trimestre (haverá mais dados no próximo dia 31 de Agosto), na estimativa rápida, o INE afirma que, na comparação com o segundo trimestre do ano passado, houve um contributo mais positivo da procura interna "em resultado da aceleração do consumo privado".

Aumentar

Já o investimento teve "um crescimento menos acentuado, determinado em larga medida pela diminuição da Formação Bruta de Capital Fixo" em material de transporte, que tinha tido um bom comportamento entre Abril e Junho de 2017.

Em termos da procura externa líquida (saldo das importações e exportações), esta "apresentou um contributo negativo idêntico ao observado no trimestre anterior", com maior influência das importações.

Ao nível dos serviços, a balança comercial de Portugal tem beneficiado do aumento do turismo (embora Junho tenha tido um comportamento negativo ao nível dos turistas estrangeiros), mas as exportações de bens têm enfrentado algumas dificuldades, como a continuidade da queda das vendas para Angola (que dura desde Novembro).

Em termos semestrais, houve uma descida de 1,7% nas exportações de bens para os mercados fora da União Europeia, que acabaram por ser compensadas pelos clientes europeus (com destaque para o T-Roc, o novo veículo que a Volkswagen produz na fábrica de Palmela tendo como principal destino a Alemanha).

Na análise ao comportamento da economia em cadeia, o INE refere que o contributo da procura externa líquida "foi ligeiramente menos negativo", reflectindo "a aceleração das exportações de bens e serviços" superior às importações. Já o contributo da procura interna, positivo, "manteve-se inalterado" no segundo trimestre.

O comportamento do consumo privado tem sido suportado por factores como uma melhoria do mercado de trabalho, e alguma recuperação de rendimentos. De acordo com dados divulgados na semana passada pelo INE, a taxa de desemprego em Portugal caiu no segundo trimestre deste ano para 6,7%, registando-se nesse período menos 110 mil desempregados do que em igual período do ano anterior.

Na nota que enviou às redacções, o Ministério das Finanças sublinhou que este foi “o décimo sétimo trimestre consecutivo de crescimento inclusivo", e que ocorreu "num contexto de equilíbrio das contas externas e de gestão orçamental responsável". A estimativa do INE, destacou ainda o ministério de Mário Centeno, mostra ainda que se prossegue "a tendência de convergência” com a União Europeia.

O ritmo de crescimento da economia nacional foi superior ao da zona euro, que subiu 0,4% em cadeia e 2,2% em termos homólogos, tal como a totalidade da União Europeia.