Estivadores portuários de novo em greve
Sindicato dos Estivadores convocou greve de 24 horas para esta sexta-feira, em nome da "liberdade de filiação sindical". E já fez entrar novo pré-aviso de greve, agora ao trabalho suplementar, durante um mês, a partir de 13 de Agosto.
Os trabalhadores de oito portos nacionais, filiados no Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística (SEAL), estão em greve esta sexta-feira, terminando às 8h00 de sábado uma paralisação de 24 horas pela liberdade de filiação sindical.
"Esta greve foi declarada na sequência de um manifesto, feito há um ano, que denunciava situações de perseguição aos sócios do SEAL, [nomeadamente], nos portos de Leixões e do Caniçal, situações essas que se têm vindo a agravar. Os estivadores de todo o país resolveram declarar um dia de jornada de solidariedade pelos trabalhadores perseguidos", disse, na quinta-feira, o presidente do sindicato dos estivadores, António Mariano, em à Lusa.
Para além destes, estão em causa os portos de Lisboa, Setúbal, Sines, Figueira da Foz, Ponta Delgada e Praia da Vitória. De acordo com o sindicalista, em Leixões, "a partir do momento em que os trabalhadores se filiaram no sindicato, os seus rendimentos passaram para metade", existindo, por outro lado, ofertas de "milhares de euros" para os trabalhadores se desfiliarem.
O SEAL frisou ainda que os funcionários mais preparados para lidar com os equipamentos tecnológicos estão destacados para "varrer o cais e carregar paralelepípedos".
No que se refere ao possível impacto da paralisação, António Mariano garantiu que terá "graduações diferentes", tendo em conta que o sindicato apenas representa todos os trabalhadores dos portos de Setúbal, Lisboa e Figueira da Foz. "Noutros portos, onde há outras organizações, eventualmente, a paragem não será total. Nalguns desses, também são essas organizações sindicais a estar na base do problema", apontou. No total, estão filiados ao SEAL cerca de 530 trabalhadores.
António Mariano refere-se, porventura, à Federação Nacional do Sindicato dos Trabalhadores portuários que esta sexta feira divulgou um comunicado de resposta à iniciativa do SEAL, apelidando-a de "pseudo-greve nacional", uma vez que apenas teve efeito de paralisação no porto de Lisboa.
"Em todos os restantes portos do País, e em particular no porto visado de Leixões, contrariamente à falsa informação veiculada pelo SEAL, o efeito dessa tentativa de greve foi absolutamente nulo: todos os navios se encontram a operar normalmente, como o atestam com seriedade as respectivas Administrações Portuárias", escreve a Federação em comunicado.
No meio desta guerra entre sindicatos, somam-se novos avisos de greve. A "crescente proliferação de práticas anti-sindicais" levou ainda o SEAL a declarar greve à prestação de trabalho suplementar nestes portos, a partir das 8h do dia 13 de Agosto de 2018 até às 8h do dia 10 de Setembro de 2018.
"Constituem motivos graves, determinantes desta declaração da greve, a crescente proliferação de práticas anti-sindicais nos diversos portos portugueses, revestindo-se estas de extrema gravidade no porto de Leixões, permanecendo ainda graves no porto do Caniçal, agravadas pelo quadro de retaliação por parte das entidades patronais que, em resposta à jornada de luta motivada pelas situações de Leixões e Caniçal optaram por rasgar um acordo celebrado no mês passado, relativo ao porto de Lisboa", lê-se no texto onde o SEAL indica as razões que o levaram a apresentar novo pré-aviso de greve.