Governo grego sobrevive a moção de censura por causa de acordo com Macedónia

Entendimento entre Atenas e Skopje não causou queda de Tsipras. Entre os macedónios, a oposição ao acordo que põe fim à disputa sobre o nome do seu país, provoca ainda mais polémica.

Alexis Tsipras
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Tsipras durante o debate parlamentar à moção contra o seu Governo Reuters
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Protestos no exterior do Parlamento, no centro de Atenas Reuters

Era o resultado esperado, mas não deixa de ser um alívio para primeiro-ministro grego, Alex Tsipras. A moção de censura apresentada no Parlamento pelo partido Nova Democracia, na oposição, contra o acordo histórico entre a Grécia e a Macedónia sobre a disputa do nome desta antiga república da Jugoslávia, chumbou.

A maioria dos deputados votou com Tsipras – os parceiros de coligação do Syriza, os Gregos Independentes, já tinham prometido que não deixariam cair o executivo. A oposição acusa o primeiro-ministro de ter feito demasiadas concessões nas negociações do acordo que será assinado este domingo e põe fim a uma polémica de 25 anos.

Enquanto isso, no exterior do Parlamento, milhares de gregos manifestaram-se ao longo do dia contra a decisão do chefe de Governo, chamando-lhe “traidor” e pedindo a sua demissão. A polícia usou granadas de atordoamento e gás lacrimogéneo para impedir os manifestantes de entrarem no edifício.

Tsipras e o primeiro-ministro macedónio, Zoran Zaev, fecharam o acordo em Nova Iorque, na terça-feira no final de processo mediado pelas Nações Unidas. No texto assinado fixa-se a designação do país de Zaev como República da Macedónia do Norte – Macedónia é também o nome de uma região grega e Atenas opôs-se a qualquer nome que confundisse os territórios desde a independência macedónia, em 1991.

Até agora, o país chamava-se Antiga República Jugoslava da Macedónia, um nome adoptado de forma temporária para poder integrar a ONU. O actual governo grego insistia apenas num nome composto, para que o vizinho não fosse apenas chamado “Macedónia”. No país que se prepara para mudar de nome há ainda maior oposição ao acordo, já que a adopção de uma descrição geográfica é vista como uma humilhação.

Tudo isto por causa da região da Macedónia que inclui Salónica e que é associada ao império de Alexandre, o Grande, que no século IV a.C. chegou a incluir parte da Índia. O anterior executivo de Skopje assumia a pretensão de reclamar a herança de Alexandre, alimentando em Atenas os receios de reivindicações territoriais sobre a região grega.

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