Guterres avisa que acordo nuclear com Irão é essencial para evitar guerra

O secretário-geral falou à BBC, a dias da decisão que Washington terá de tomar sobre a sua continuidade no acordo.

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António Guterres não se posiciona contra a substituição do acordo, mas apenas por uma alternativa melhor LUSA/ANDY RAIN

O acordo com o Irão não deve ser abandonado — a não ser que haja uma alternativa — ou enfrentaremos o risco de uma guerra, alerta o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em declarações à BBC.

“Não devemos abandonar este acordo a não ser que tenhamos uma boa alternativa. Vivemos tempos perigosos”, avaliou Guterres. O secretário-geral da ONU lembrou que o acordo nuclear com o Irão constitui uma “importante vitória diplomática”.

“Os riscos estão lá. Precisamos de fazer tudo ao nosso alcance para os evitar ”, argumentou. “Também acredito que existem áreas onde será importante ter um diálogo, porque vejo a região numa posição extremamente perigosa e compreendo a preocupação de alguns países relativamente à influência iraniana noutros países da região, mas acho que devemos separar as coisas”, acrescentou.

As declarações de Guterres surgem depois de Israel ter revelado “ficheiros nucleares secretos” onde acusa o Irão de ter violado o acordo nuclear e ter mantido ao longo dos últimos anos um projecto de desenvolvimento de armas nucleares secreto “para uso futuro”. A conferência de imprensa aconteceu após a visita do novo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo. Há muitas dúvidas, no entanto, de que Netanyahu tenha revelado algo de novo sobre o programa nuclear iraniano.

A 12 de Maio, Donald Trump irá anunciar se os Estados Unidos vão continuar a suspender as sanções a Teerão. Se Trump não continuar a suspendeê-las, isso põe em causa o acordo. O Presidente dos EUA tem defendido que este é o “pior acordo de sempre”, se que se não for alterado os Estados Unidos irão abandonar o seu compromisso.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, já avisou que se os EUA saírem do acordo, o Irão não está obrigado a cumpri-lo e podem voltar a produzir urânio enriquecido, um combustível para armas nucleares.

O acordo nuclear com o Irão foi assinado em 2015 entre a China, EUA, Rússia, Alemanha, França e Reino Unido. O pacto suspendeu as sanções económicas contra o Irão, em troca de uma limitação do programa nuclear.

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