SPD elege a sua primeira líder mulher
Andrea Nahles foi eleita com 66% e sucede a Martin Schulz à frente do partido social-democrata.
Tal como previsto, Andrea Nahles foi conduzida ao cargo de líder do Partido Social-Democrata (SPD) da Alemanha, sucedendo assim a Martin Schulz e tornando-se na primeira mulher a chefiar o partido de 154 anos.
Nahles foi eleita por 66% dos delegados do SPD reunidos neste domingo num congresso extraordinário em Wiesbaden e que, para além da eleição da nova liderança, terão ainda pela frente a espinhosa tarefa de definir uma nova estratégia para combater a queda de popularidade do partido nos últimos meses.
Apesar de nunca ter estado em causa outro desfecho que não a vitória da antiga ministra do Trabalho, esperava-se um resultado mais expressivo na disputa com a presidente da câmara de Flensburg, Simone Lange. Segundo a Reuters, Nahles obteve a segunda pior votação desde o pós-guerra, no que toca à escolha de um novo líder do SPD.
Tal resultado demonstra que a opção dos sociais-democratas em unirem-se a Angela Merkel num novo Governo, para desbloquearem a crise política pós-eleitoral alemã, continua a incomodar uma importante fatia do partido, particularmente a ala mais jovem e aquela que mais se identifica com a esquerda do SPD.
A decisão de renovar a “grande coligação” com a União Democrata Cristã (CDU) e a União Social-Cristã (CSU) foi aprovada em Março por mais de 60% dos militantes sociais-democratas e resultou de um debate identitário que se arrasta pelo menos desde Setembro do ano passado – quando o SPD alcançou o pior resultado eleitoral da sua história.
Antes da votação, Nahles discursou perante os delegados e defendeu ser possível prosseguir esse debate, mesmo fazendo parte de um executivo liderado por Merkel. “Podemos renovar o partido enquanto estivermos no Governo. E eu quero provar que isso é possível já a partir de amanhã”, afiançou a dirigente política de 47 anos.
Recorde-se que depois das eleições de Setembro, Martin Schulz prometeu que o SPD iria para a oposição para se reinventar. O fracasso das negociações entre a CDU/CSU, os Verdes e os liberais, com vista à formação de um Governo, e o impasse daí advindo – inédito na Alemanha – levou o então líder dos sociais-democratas a voltar atrás na sua intenção, pressionado pela cúpula do partido.