Milhares nas ruas de Budapeste contra o controlo governamental nos media

Manifestantes pedem união à fragmentada oposição para constituírem uma alternativa política ao partido do primeiro-ministro.

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Num dos cartazes da manifestação pode ler-se "Parar Orbán" Reuters/BERNADETT SZABO
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Bandeiras da Hungria e da União Europeia,Bandeiras da Hungria e da União Europeia LUSA/Marton Monus,LUSA/Marton Monus
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Dezenas de milhares de húngaros protestaram neste sábado, em Budapeste, contra o domínio governamental sobre os meios de comunicação que, segundo dizem, permitiu eleger o primeiro-ministro Viktor Órban para um terceiro mandato.

Nesta que foi a segunda maior manifestação em Budapeste, desde que Orbán foi reeleito a 8 de Abril, os manifestantes pediram à oposição fragmentada que se unisse contra o partido da maioria, Fidesz, que conseguiu dois terços dos assentos parlamentares.

A manifestação partiu do Parlamento húngaro, na capital, e seguiu até à ponte Elizabete, sobre o Danúbio. Ao longo do percurso, os manifestantes pediram liberdade nos meios de comunicação social e mudanças no Governo. Empunhavam cartazes, bandeiras nacionais e bandeiras da União Europeia.

Desde 2010 que o primeiro-ministro tem aumentado o controlo sobre os meios de comunicação e outras organizações da sociedade civil, colocando, por exemplo, aliados seus a controlar instituições anteriormente independentes.

Ainda esta sexta-feira, numa entrevista à rádio estatal húngara Orbán acusou George Soros de fomentar o activismo político na Hungria através da sua fundação. “Eu sei que eles [Soros e o seu círculo próximo] não vão aceitar o resultado das eleições, vão organizar todo o género de coisas, têm recursos financeiros ilimitados”, criticou Orbán.

Por seu turno, a fundação de George Soros acusou Orbán de tentar sufocar os grupos não-governamentais. Afirmou ainda que sairia do país se o parlamento aprovasse uma lei que lhe é desfavorável. Conhecida informalmente como “Parar Soros”, a nova lei iria taxar a 25% as doações estrangeiras a ONGs que apoiem a migração. O objectivo do Governo é identificar as organizações não-governamentais que apoiam a “imigração ilegal”

Antes da manifestação, numa publicação no Facebook, os organizadores salientaram que os meios estatais se tornaram na “máquina de propaganda” de Orbán. “O nosso objectivo é desmantelar o controlo do Fidesz sobre os meios de comunicação públicos… mas os partidos da oposição também têm tarefas a cumprir, por também serem responsáveis pela situação em que nos encontramos”, cita a Reuters.

A posição nacionalista e conservadora do Fidesz e a recusa de Orbán em permitir grandes números de imigrantes na Hungria, à revelia das políticas de migração da União Europeia, foram outras das razões apontadas pelos húngaros que saíram à rua este sábado.

Peter Marki-Zay, que venceu o candidato do Fidesz nas eleições para a câmara de Vásárhely, em Fevereiro, pediu aos partidos da oposição à esquerda e à direita que construam uma aliança política e esqueçam antigas disputas. “A História provou-nos que nenhum regime opressivo dura para sempre”, disse Marki-Zay. “Devemos lutar… contra o domínio sobre os media e as fábricas de mentiras”. “É o medo que mantém este sistema e se, a partir de amanhã, as pessoas já não tiverem medo, então o sistema cai.”

Antes da manifestação, numa publicação no Facebook, os organizadores salientaram que os meios estatais foram transformados na “máquina de propaganda” de Orbán. “O nosso objectivo é desmantelar o controlo do Fidesz sobre os meios de comunicação públicos… mas os partidos da oposição também têm tarefas a cumprir, por também serem responsáveis pela situação em que nos encontramos”, cita a Reuters.

No último sábado, dezenas de milhares protestaram no Parlamento contra o sistema de eleições, que consideram injusto. Nessa manifestação, os pedidos foram semelhantes: liberdade de imprensa, mudança de regime e o regresso da democracia.

Orbán ganhou o  terceiro mandato consecutivo como primeiro-ministro depois de uma campanha marcada pelo discurso anti-imigração. A oposição ficou fortemente abalada. No rescaldo das eleições, o líder do partido de extrema-direita Jobbik, que ficou em segundo lugar com 20% dos votos, anunciou a sua demissão. “Não conseguimos alcançar o nosso objectivo, ganhar as eleições e forçar uma mudança no governo. Fidesz ganhou. Outra vez”, disse Vona, numa conferência de imprensa na noite de domingo, citado na BBC.

À esquerda, também se sentiu o alvoroço que a reeleição de Orbán provocou. Os socialistas ficaram em terceiro, com 12% dos votos, e a presidência do partido anunciou a demissão. 

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