Fernando Haddad começará por ser “vice” de Lula e depois tornar-se-á candidato do PT

Ex-prefeito de São Paulo vai começar a negociar alianças com outros partidos de esquerda, diz imprensa brasileira.

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Fernando Haddad Nacho Doce/Reuters

O Partido dos Trabalhadores (PT) continua a insistir no registo da candidatura de Lula da Silva como candidato às presidenciais brasileiras de Outubro, mas esta não é uma corrida cega para o abismo.

A estratégia delineada por Lula, nas últimas horas de resistência na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, passa por inscrever Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, como candidato a vice-presidente para que, quando a sua candidatura for rejeitada pelo Tribunal Superior Eleitoral, em Agosto, este assuma o seu lugar e se torne o candidato.

Este é o plano, em traços largos, tal como o relata a imprensa brasileira, pois os advogados de Lula acreditam que o processo não terá trânsito em julgado até ao Verão. Haddad, há muito visto como o possível “plano B” de Lula, tem carta verde para negociar alianças à esquerda, diz o jornal Folha de São Paulo.

Enquanto isso, a senadora Gleisi Hoffman, presidente do PT, torna-se a porta-voz política de Lula — e, enquanto advogada, poderá integrar a equipa de defesa do ex-Presidente. A sua primeira missão é aumentar a pressão sobre a juíza Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal para conseguir, quarta-feira, um pedido feito pelo Partido Ecológico Nacional (PEN) para suspender a prisão de condenados em segunda instância (o caso de Lula).

“Esperamos que a juíza cumpra o que disse... No julgamento do habeas corpus do Presidente Lula, ela disse que ia rever a decisão do Supremo em relação à prisão em segunda instância”, disse Gleisi Hoffman, citada pela Reuters.

Se há prioridade para defender o ex-presidente, e tentar tirá-lo da prisão, há também uma pressão crescente no interior do PT, sobretudo da parte dos militantes, para tentar construir uma candidatura de união à esquerda para as presidenciais. Mas o Partido Comunista do Brasil (PC do B) e o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que têm defendido o direito de Lula a candidatar-se, resistem a fundir as suas candidaturas. Os pré-candidatos destes partidos, respectivamente Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos, estavam com Lula no dia em que se entregou à polícia.

O jornal Correio Braziliense diz que não há que estranhar esta proximidade. “Foi um afago. Lula quer os dois do seu lado, como apoiantes do nome de Haddad quando o cabeça de lista do PT for trocado” e o candidato a “vice” se tornar candidato a Presidente.  

O problema será manter o interesse em Lula, com o ex-presidente na prisão. E evitar o perigo das divisões internas, sublinhadas pelos principais jornais brasileiros. Será preciso manter um clima de agitação permanente, de criar suspense e de discutir alianças — para evitar a dispersão de votos por outros pré-candidatos do centro-esquerda que possam disputar o interesse de eleitores do PT menos motivados. Por exemplo, por Ciro Gomes ou Marina Silva.

Para tentar manter o interesse vivo, Lula gravou uma série de vídeos ainda na sede do Sindicato dos Metalúrgicos — o primeiro foi já divulgado no site do PT.

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