Montenegro despede-se do Parlamento mas não sai de cena
Putativo futuro candidato à liderança disponível para convites partidários.
Um jantar de despedida com deputados, uma audiência com o presidente da Assembleia da República, algumas palavras no plenário e várias entrevistas (tantas, que recusou algumas). É assim que Luís Montenegro, ex-líder da bancada do PSD, se despede de 16 anos de vida parlamentar, depois de nos últimos meses se ter posicionado como um desafiador da liderança do partido.
Com 45 anos, Luís Montenegro concretiza esta quinta-feira o que anunciou no congresso de Fevereiro: renuncia ao mandato de deputado precisamente 16 anos depois de se ter sentado na bancada do PSD em 2002, mas não fica em silêncio. Tem assegurados espaços mediáticos regulares na TSF, TVI e Expresso. E assume que está disponível para aceitar convites partidários. Mas, ainda assim, há quem veja nesta saída do Parlamento uma jogada arriscada para quem quer mais tarde ter condições para disputar a liderança do partido.
Para já, o antigo líder parlamentar – que esteve à frente da bancada durante seis anos – assinala a despedida com um jantar em que estarão deputados desta e de outras legislaturas, onde deverá também marcar presença o actual líder da bancada, Fernando Negrão. No último dia em que estará na Assembleia da República, Montenegro é recebido por Ferro Rodrigues e deverá ter uma despedida em plenário, com cariz muito informal, já que as intervenções individuais só se podem realizar em sessões com declarações políticas, o que não é o caso desta quinta-feira, em que está marcado um debate quinzenal.
Depois de se ter assumido como apoiante de Pedro Santana Lopes nas directas de Janeiro – e de ter ponderado avançar contra Rui Rio nesta corrida à liderança –, Montenegro deixou, na tribuna do congresso, a porta aberta para o futuro: “Desta vez decidi 'não', se algum disser 'sim', já sabem, não vou pedir licença a ninguém”.
Montenegro era a figura preferida do passismo para ser o sucessor do próprio Passos Coelho e acabou por ser, no congresso e depois nas reuniões da bancada parlamentar já sob a nova liderança, um crítico de Rui Rio. Sem as obrigações de deputado, o social-democrata que é visto como o rosto visível da oposição interna fica agora mais livre para o partido. Será que o PSD de Rui Rio já está pronto para o receber?