Candidato presidencial de Uribe acelera nas sondagens

A oito semanas das eleições na Colômbia, Iván Duque apresenta vantagem de 16 pontos sobre Gustavo Petro. Os dois candidatos encontravam-se num empate "técnico" há um mês.

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Iván Duque, candidato às presidenciais da Colômbia pelo partido do ex-Presidente Álvaro Uribe FREDY BUILES / Reuters

O candidato do Centro Democrático – o partido do ex-Presidente Álvaro Uribe, de direita – à presidência colombiana deu um valente salto nas sondagens e apresenta-se agora como o grande favorito à vitória final nas eleições agendadas para o final Maio (primeira volta) e meados de Junho (segunda volta). De acordo com a média das últimas sondagens realizadas na Colômbia, calculada pelo El País, Iván Duque agrega 42% das intenções de voto, mais 16% que o candidato da esquerda, Gustavo Petro (26%).

Se é certo que ainda faltam cerca de oito semanas para a primeira ronda das presidenciais e que, por isso mesmo, se deve olhar para estes números com alguma moderação, não há como ignorar a diferença expressiva entre as percentagens apontadas agora a Duque e as sugeridas nas vésperas das eleições legislativas de 11 de Março. Naqueles estudos de opinião os apoios ao candidato “uribista” andavam acima dos 20%, praticamente em empate ‘técnico’ com Petro.

É verdade que no acto eleitoral de Março o Centro Democrático conquistou o Senado, mas esse triunfo, para além de pouco expressivo – 19 senadores numa câmara de 108 – ficou bastante aquém dos objectivos do partido: longe dos 30 desejados e menos um lugar em relação a 2014. E mesmo na Câmara dos Deputados, onde subiu de 19 para 32 parlamentares, o Centro Democrático manteve-se abaixo do Partido Liberal, que conquistou 35 deputados.

Sendo difícil encontrar nos resultados das legislativas os sintomas adequados para explicar a subida abrupta de Duque e a manutenção da intenções de voto em Petro – até porque o Movimento Progressistas, liderado por este último, não se apresentou à eleição nas duas câmaras –, poderá ser menos complicado fazê-lo olhando para as primárias dos dois movimentos, realizadas no mesmo dia. 

Na eleição interna da esquerda anti-sistema, Gustavo Petro esmagou Carlos Caicedo, com perto de 85% dos votos. O favoritismo que o ex-guerrilheiro do M-19 e antigo líder do governo de Bogotá levava para a eleição e o consequente desfecho da mesma vieram, por isso, confirmar que o eleitorado colombiano mais à esquerda nunca teve muitas dúvidas sobre quem seria o seu candidato nas presidenciais. Daí os números semelhantes que as sondagens atribuíram a Petro em Março e agora em Abril.

O caso das primárias da direita é, no entanto, radicalmente distinto. Duque partia igualmente favorito, é certo, mas pela frente tinha candidatos que também foram tidos em conta nos inquéritos para as presidenciais. Como é o caso de Marta Lucía Ramírez ou Alejandro Ordóñez. A sua vitória na eleição interna ultraconservadora, com 67%, tirou os outros dois de cena e, ao que tudo indica, deixou a direita colombiana unida em torno de um só candidato – Germán Vargas Lleras, ex-vice do actual Presidente Juan Manuel Santos, representa a direita mais moderada mas a sua candidatura não soma mais de 7% dos votos, segundo as sondagens.

Em Duque votaram mais de quatro milhões de colombianos, pelo que somando a esses números os apoiantes de Ramírez e de Ordóñez, e todos os indecisos e não declarados, pode-se encontrar aqui uma eventual explicação para o salto do candidato do Centro Democrático nos estudos das últimas semanas na Colômbia.

A posição de Iván Duque nas sondagens oferece-lhe o favoritismo na sucessão ao Nobel da Paz de 2016, mas é manifestamente insuficiente para o bloco “uribista” – crítico dos acordos de paz assinados entre o Governo de Santos e as FARC – poder cantar vitória. O candidato ainda está longe dos 50% que lhe garantem uma vitória na primeira volta, a 27 de Maio, e é quase seguro que terá de disputar a segunda volta, a 17 de Junho, ao que tudo indica contra Petro. 

Para esse embate final são esperadas as tradicionais negociações entre partidos e candidaturas, bastante habituais na política colombiana, tendo em vista a formação de alianças que possam oferecer a vitória a um ou outro candidato. Na realidade essas conversas já começaram no renovado e fragmentado parlamento da Colômbia, saído das legislativas de Março, e podem ter implicações até na primeira volta das presidenciais. As próximas semanas tratarão, por isso, de montar o palco para a eleição presidencial.

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