Centeno "desacreditou-se a si próprio no dossier Caixa"
Líder parlamentar do Bloco de Esquerda assume, em entrevista à Antena 1, que Centeno se desacreditou e apela a Costa que se assuma como primeiro-ministro.
Pedro Filipe Soares deu este sábado uma entrevista à Antena 1 em que não poupa o Governo do PS, partido com o qual assinou uma posição conjunta em 2015, com vista à viabilização do executivo. Não poupa António Costa, nem Mário Centeno, nem sequer Adalberto Campos Fernandes.
Os apelos e os recados mais directos são dirigidos ao primeiro-ministro. O líder parlamentar do Bloco de Esquerda disse que Costa "tem de se assumir como primeiro-ministro" e que a "probabilidade [de mortes em 2018] tem se der próxima de zero" porque "não pode passar pela cabeça de ninguém, nem de nenhum agente político que possamos ter ano com a perda de vidas que tivemos".
"O que o primeiro-ministro tem de garantir não é sobre o seu lugar, é sobre a vida das pessoas, e que fez tudo o que deveria ter feito para preparar o próximo Verão, essa é a resposta que ele deve dar", sublinhou Pedro Filipe Soares.
Em matéria de Orçamento do Estado para 2019, mais uma mensagem: é preciso negociar até que seja encontrada a mais ampla base de apoio. "Tendo a não dar nada como adquirido e não baixamos a guarda em nenhum dos tópicos já negociados", acrescentou, especificando que o Bloco não deixará cair o descongelamento das carreiras da função pública.
Mário Centeno veio várias vezes à conversa a propósito do que Pedro Filipe Soares designou por "vetos de gaveta", uma expressão nova para referir a velha política de cativações do ministro das Finanças que neste momento afecta, por exemplo, a área da saúde. Foi, aliás, nesta matéria que o bloquista desafiou Costa, "que é o principal culpado desta situação", a ser um verdadeiro chefe de Governo, aplicando a sua vasta "experiência política" na necessária "mediação entre ministros".
"Não é possível que dê a Centeno a possibilidade de fazer vetos de gaveta, nem que dê a gestão do Governo ao ministro das Finanças", disse Pedro Filipe Soares. "Não me parece". Sobre o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, o líder parlamentar do Bloco disse que "também não está isento de responsabilidades", mesmo acreditando que gostaria de ter mais dinheiro para o sector.
Pedro Filipe Soares comentou ainda o facto de a recapitalização da Caixa, que afinal conta para o défice (ao contrário do que aconteceu em Itália), ter contribuído para desacreditar Mário Centeno na sua função de presidente do Eurogrupo. Afinal "qual a vantagem de ser português?", questionou-se. "É um logro, uma mentira", acabou por responder, defendendo que Centeno está ao serviço de "uma certa elite europeia".