Três mortos em ataque terrorista reivindicado pelo Daesh
Atacante tinha sido vigiado pela polícia. Assassinou três pessoas e feriu 16 antes de ser morto. Macron fala em “terrorismo islâmico”.
Um homem armado matou três pessoas esta sexta-feira em Carcassone e Trèbes, no sudoeste de França. O grupo jihadista Daesh reivindicou o ataque. O ministro do Interior francês, Gérard Collomb, identificou o atacante como sendo Redouane Lakdim, de 26 anos. Era conhecido pelas autoridades por radicalização, mas as autoridades não consideraram que havia risco terrorista. O ministro disse que o atacante agiu sozinho.
O atacante roubou um carro em Carcassone, matou um dos passageiros e deixou o condutor gravemente ferido. Depois, disparou sobre quatro polícias que faziam uma patrulha a pé, atingindo um deles no ombro. Dirigiu-se para Trèbes, a cerca de oito quilómetros, onde se barricou com pelo menos oito pessoas num supermercado, matando duas delas. Foi morto pela polícia.
O procurador-geral de França, François Molins, revelou que Lakdim tinha sido vigiado em 2016 e 2017 por indícios de “radicalização” e ligações ao movimento salafista. Uma mulher que viveu com Lakdim foi detida no âmbito da investigação, acrescentou Molins.
Antes de entrar no supermercado e dizer ser um “soldado do Daesh”, gritou “Allahu Akbar”, referiu ainda o procurador. O Daesh reivindicou o ataque através de um comunicado divulgado na agência de propaganda da organização terrorista, a Amaq.
Rukmini Callichi, a especialista do jornal norte-americano The New York Times em assuntos relacionados com o Daesh, explicou no Twitter que o comunicado refere-se a Lakdim como um “soldado do Estado Islâmico”, uma expressão que o grupo geralmente utiliza para descrever atacantes que são inspirados pelos jihadistas e que não estão directamente sob a sua alçada.
A Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas confirmou ao PÚBLICO uma informação que horas mais tarde viria a desmentir, a morte de um cidadão português no ataque de Carcassonne. Ao final da tarde, o governo dizeia não dispor de dados sobre a idade ou as circunstâncias em que morreu. À Lusa, um amigo próximo da família da vítima disse que se trataria de um homem de 27 anos. Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português condenou o ataque e garantiu que a embaixada e os serviços consulares em França estão a acompanhar a situação, em coordenação com as autoridades francesas.
Só que, já perto das 23h, a Secretaria de Estado das Comunidades viria a contrariar as informações antes avançadas, culpando as autoridades francesas pelo erro. Afinal, o cidadão português ferido no ataque estava vivo.
Regressado de urgência de Bruxelas (onde participou no Conselho Europeu da Primavera) para coordenar as operações, o Presidente francês, Emmanuel Macron, falou aos jornalistas depois de se reunir com o primeiro-ministro, Edouard Philippe, no Ministério do Interior em Paris. Na conferência de imprensa confirmou a existência de três mortos e de 16 feridos, sendo que dois deles estão em estado grave. O Presidente francês classificou o ataque como “terrorismo islâmico”, mas explicou que as autoridades estão a investigar a veracidade da reivindicação do Daesh.
Gérard Collomb referiu que um polícia ficou gravemente ferido num “acto de heroísmo” ao oferecer-se para ser trocado por um dos civis feitos reféns pelo atacante no supermercado. O polícia manteve-se em contacto com as autoridades no exterior enquanto esteve sequestrado. As forças de elite irromperam pelo supermercado depois de terem ouvido tiros no interior e mataram o atacante.
Macron homenageou também este polícia, afirmando que está a “lutar pela vida” no hospital: “Ele salvou vidas e honrou o seu país. Está a lutar contra a morte e todos os nossos pensamentos estão com ele e com a sua família”.
Os ataques reivindicados ou inspirados pelo Daesh já mataram mais de 240 pessoas em França desde 2015.