Rui Rio evita anunciar, em Bruxelas, quem será o cabeça de lista às europeias

À entrada da reunião do PPE, líder do PSD falou sobre a sua estreia, as críticas de Santana Lopes, o novo secretário-geral do PSD e as eleições para o Parlamento Europeu.

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Rui Rio está em Bruxelas na reunião do PPE Nuno Ferreira Santos

O presidente do PSD já está naquela que é a sua primeira reunião do Partido Popular Europeu, em Bruxelas, e à entrada, com o eurodeputado Paulo Rangel ao seu lado direito, não quis anunciar o nome do cabeça de lista do PSD às eleições europeias de Maio de 2019. Mas deu uma pista: "Mudanças radicais nunca há, porque eu sou um reformista, não sou um revolucionário", disse esta quinta-feira, à entrada para a cimeira.

"Tenho na minha ideia quem deve ser o cabeça de lista às eleições europeias, mas não será aqui que vou anunciar, com um ano e tal de distância, quem eu entendo que deve ser o cabeça de lista", acrescentou Rui Rio aos jornalistas. "Não ando a reboque do CDS, nem do PS, nem de ninguém. Ando a reboque daquilo que considero que é equilibrado e sensato".

Sobre a sua estreia no PPE, o social-democrata assumiu que a sua expectativa é conseguir que as posições ali defendidas vão ao encontro dos interesses de Portugal. "Aquilo que neste momento a nós mais nos interessa é conseguir que o próximo orçamento comunitário não sofra nenhum corte decorrente da saída do Reino Unido, o que, a acontecer, significaria um corte na política de coesão e Portugal seria um dos principais prejudicados com isso", disse Rio.

Defendendo que, nesta matéria, o PSD deve estar unido com o Governo, "no sentido do reforço da posição de Portugal", o ex-autarca do Porto concretizou que é preciso conseguir novas receitas, o que não significa impostos. "Temos de conseguir outras receitas, taxas, por exemplo uma percentagem dos lucros do BCE pode reverter a favor do orçamento comunitário. Temos de encontrar formas para que a Europa não toque naquilo que para Portugal é absolutamente vital. Isso será o que aos portugueses mais interessa e eu não tenho qualquer problema de assumir que a minha disposição é reforçar a posição do Governo português, se for esta a vontade - e é - do Governo, e não prejudicar aquilo que são os fundos a que Portugal tem acesso".

Sem medo de assumir uma posição que definiu como "próxima" da de António Costa, Rui Rio defendeu ainda que Bruxelas não é o lugar para fazer oposição. "Os partidos portugueses devem estar unidos nisto, não há lugar para ser da oposição porque ser da oposição é enfraquecer a posição portuguesa", disse."

"Não é para mim um tabu alinhar pelo Governo ou contra o Governo, alinho pelos interesses de Portugal. Aliás, o próprio congresso do PSD tinha como lema 'Primeiro Portugal'. E aqui é primeiro Portugal", comentou o líder do PSD, para a seguir questionar: "O que é que os portugueses querem? Querem um PSD a aproveitar isto para fazer oposição ao Governo, fazer enfraquecer o Governo e com isso enfraquecer a posição de Portugal e Portugal vir a receber menos dinheiro da UE, ou querem que o PSD defenda o interesse dos portugueses e que nesse sentido venha reforçar, na Europa, a posição do Governo português? Eu não tenho sobre isso qualquer dúvida. Os portugueses de certeza que não querem aproveitamentos políticos, querem que se juntem as posições."

Os assuntos internos não ficaram de fora das perguntas dos jornalistas nem das respostas do líder do PSD. Sobre as críticas que lhe foram dirigidas recentemente, incluindo pelo ex-adversário Pedro Santana Lopes, Rio disse que não as interpretou exactamente como críticas. "O que eu interpretei do que o dr. Santana Lopes disse é que deveriam dar oportunidade a que eu pudesse inaugurar a liderança do PSD. Ou seja, a crítica não era para a direcção nacional, era para quem internamente está mais apostado em destruir do que em ajudar a construir. Interpretei assim e aliás o próprio já teve oportunidade de me explicar que era essa a ideia que queria transmitir", disse, assumindo que falou com Santana sobre o assunto.

O que Santana Lopes disse no seu novo espaço de opinião, na SIC Notícias, resume-se em duas frases: "Está na hora de Rui Rio inaugurar a liderança do partido" e "ele tem de pensar que estamos num tempo em que o PSD está ameaçado, porque o PS quer a maioria absoluta para controlar a esquerda e a direita, o CDS tem um projecto hegemónico e Assunção Cristas quer chegar, a uma velocidade supersónica, a primeira-ministra".

Finalmente, o líder do PSD comentou a demissão de Feliciano Barreiras Duarte, dizendo que "hoje em dia, da forma como a política está, ninguém está imune a polémicas" e que "esta é uma transformação negativa que existe na sociedade portuguesa".

"O tempo é o melhor conselheiro para todos nós e não vai ser preciso muito tempo para todas as pessoas perceberem que a polémica que houve em torno do secretário-geral que agora saiu foi de uma desproporção brutal relativamente àquilo que esta em causa. E isso não é bom para a democracia", defendeu.

"Desproporção, massacres da forma como vimos, acho que foi um exagero. Neste momento dizer isto é capaz de ainda não ser politicamente correcto, mas as pessoas daqui por pouco tempo vão ver que houve uma desproporção muito grande e que houve demasiada crueldade face às falhas que lhe imputaram", concluiu o presidente do PSD.

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