Subdirector da campanha de Trump declara-se culpado e está pronto a colaborar com as autoridades
Em causa estão crimes de natureza fiscal. Rick Gates estará disposto a auxiliar a equipa do procurador especial Robert Mueller na investigação às suspeitas de interferência russa nas eleições de 2016. No mesmo dia, lista de acusações a Manafort voltou a crescer.
Rick Gates, antigo subdirector da campanha presidencial de Donald Trump, declarou-se culpado de duas acusações de "conspiração contra os Estados Unidos" e de perjúrio, no âmbito da investigação conduzida pelo procurador especial Robert Mueller às suspeitas de interferência externa nas eleições norte-americanas de 2016.
A notícia é conhecida esta sexta-feira, um dia depois de ter crescido o número de acusações contra dois ex-dirigentes da campanha de Trump — Gates e Paul Manafort. Os crimes são sobretudo de natureza financeira e fiscal — os dois responsáveis são acusados de terem orquestrado um elaborado esquema de ocultação de rendimentos.
Já hoje, a equipa do procurador especial apresentou uma acusação reformulada contra Gates, com os dois crimes de que o ex-subdirector de campanha assumirá a culpa. Trata-se de um passo processual comum na iminência de um acordo com as autoridades. Se vier a ser condenado, Gates, de 45 anos, poderá receber uma sentença substancialmente menor do que aquela que Manafort enfrentará.
Em troca do acordo, escreve a imprensa norte-americana, Gates estará pronto a auxiliar a investigação liderada por Mueller às suspeitas de interferência russa na presidenciais de 2016. Isso terá escrito o próprio numa carta enviada a familiares e amigos, e que é referida por órgãos como o New York Times ou a ABC News.
“Apesar da minha intenção inicial de me defender com veemência, acabei por mudar de opinião”, explica na missiva. “A realidade de quão longo este processo vai ser, o seu custo, e toda a atmosfera de circo que antecipará o julgamento, são demasiadas coisas para mim. Cumprirei um papel melhor para a minha família se avançar no sentido de concluir este processo”, lê-se.
Gates integrou a equipa de Trump para auxiliar o candidato republicano no digital e nas redes sociais, nomeadamente no Facebook. Mesmo depois de Manafort ter sido afastado em Agosto de 2016 na sequência da denúncia das suas ligações ao ex-Presidente ucraniano Viktor Ianukovich, Gates continuou na equipa de Trump e integrou a equipa de transição na Casa Branca. Apesar de não existir prova de que os crimes praticados estejam directamente relacionados com o trabalho que prestavam a Trump, muitos dos delitos terão sido cometidos no período em que os dois dirigentes estavam ao serviço do actual Presidente dos EUA.
À margem da participação na campanha presidencial, Gates e Manafort tinham uma longa relação de negócios. Manafort, ao contrário do sócio, mantém até hoje a sua inocência no processo conduzido por Mueller.
No início deste ano, Manafort processou mesmo o procurador especial, argumentando que a nomeação de Mueller é ilegal.
Lista de acusações a Manafort volta a crescer
Depois de ter conhecido a decisão de Gates, Manafort emitiu um comunicado onde reafirmou a sua inocência. "Apesar de Rick se ter declarado culpado hoje, continuo a manter a minha inocência", declarou. "Eu esperava que meu parceiro de negócios tivesse tido a força necessária e continuasse a batalha para provar nossa inocência. Por motivos que ainda desconheço, ele optou por fazer o contrário", acrescenta. "Mas isso não altera meu compromisso de me defender contra as falsas acusações de que sou alvo", conclui.
Horas depois do comunicado de Manafort, o FBI deu a conhecer novas acusações ao ex-dirigente. De acordo com a acusação preenchida nesta sexta-feira pelo procurador especial, Manafort terá pago dois milhões de euros a políticos europeus séniores — cuja identidade não é para já revelada — entre 2012 e 2013, para que fizessem lobby pelos apoiantes pró-Rússia do Governo da Ucrânia. Manafort terá mesmo reunido de políticos europeus que baptizou de "grupo Hapsburg", liderados por um influente líder europeu, identificaod como "Político Estrangeiro A".
Este novo avanço no caso surge cerca de uma semana depois de Mueller ter acusado formalmente 13 russos ligados à empresa Internet Research Agency, com sede em São Petersburgo, por suspeitas de interferência na campanha eleitoral através de uma vasta campanha de desinformação.