Brasil e Colômbia reforçam contingentes na fronteira perante crise de refugiados

O exército brasileiro vai duplicar o número de militares junto à fronteira com a Venezuela, perante o agravamento da crise de refugiados na região.

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Muitos venezuelanos chegam ao Brasil e à Colômbia de forma irregular e requerem cuidados médicos Reuters/Carlos Garcia Rawlins

O Governo brasileiro vai destacar mais tropas para patrulhar a fronteira com a Venezuela e vai começar a redistribuir dezenas de milhares de refugiados venezuelanos que fugiram para o Norte do Brasil, anunciou o ministro da Defesa, Raul Jungmann. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, também anunciou um reforço da segurança na fronteira com a Venezuela - e Bogotá pôs termo aos vistos temporários e só os venezuelanos com passaporte carimbado podem entrar na Colômbia.

Perante o agravamento da crise humanitária, o Brasil anunciou que vai fazer um recenseamento para apurar o número exacto de venezuelanos que cruzaram a fronteira à procura de comida, trabalho e abrigo em cidades como Boa Vista, estado de Roraima, onde as autoridades locais afirmam que mais de 40 mil refugiados estão a sobrecarregar o sistema de saúde e outros serviços públicos. Dali, os venezuelanos deverão ser recolocados noutros estados brasileiros.

“É um drama humanitário. Os venezuelanos estão a ser expulsos do seu próprio país pela fome, falta de trabalho e de medicamentos”, disse Jungmann aos jornalistas, durante uma visita a Boa Vista.

O exército brasileiro irá duplicar o seu contingente de soldados na fronteira, passando para 200 soldados, afirmou o ministro.

A visita a Roraima decorreu ao mesmo tempo que a Colombia anunciava medidas similares, com o envio de mais dois mil militares para a fronteira. “A Colômbia nunca viveu uma situação como a que estamos a assistir hoje”, disse o Presidente Juan Manuel Santos, citado pela AP. “É uma tragédia”, continuou. “E quero reiterar ao Presidente Maduro: isto é o resultado das suas políticas."

Estima-se que o número de refugiados venezuelanos na Colômbia tenha duplicado nos últimos meses para cerca de 600 mil, com pelo menos 300 mil em situação irregular no país.

O êxodo de venezuelanos para os países vizinhos disparou com o colapso da economia e a consolidação do projecto de poder de Nicólas Maduro. De acordo com a Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos, entre 2014 e 2016, pelo menos 1,3 milhões de venezuelanos encontravam-se subnutridos — um valor 3,9% superior ao do triénio homólogo e que ainda não reflecte o recente agravamento das condições económicas no país.

Entretanto, o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano marcou as presidenciais para 22 de Abril. Maduro é candidato à reeleição, com a oposição a denunciar a estratégia do Presidente venezuelano para impedir vários adversários de irem a votos e, dessa maneira, apresentar-se sozinho perante o eleitorado.