Apesar da subida de preços que introduziu o ano passado, o Netflix conseguiu nos últimos três meses de 2017 registar um aumento do número de subscritores superior ao esperado. Um resultado que entusiasmou os investidores e que pode ajudar a empresa a fazer face a uma concorrência que lhe coloca cada vez mais desafios.

Os resultados do quarto trimestre de 2017, apresentados na segunda-feira à noite depois do fecho do mercado nos Estados Unidos, eram esperados pelos investidores com muita expectativa, já que seriam os primeiros a poder dar uma indicação sobre como é que a procura do serviço de streaming de filmes e séries tinha reagido à subida de preços realizada no ano passado.

Aparentemente, o que os dados mostram é que a capacidade do Netflix atrair novos clientes não foi afectada. Nos últimos três meses do ano, anunciou a empresa, foram captados 8,5 milhões de novos subscritores. Este número fica acima daquilo que era esperado pelos mercados e pela própria empresa, que tinha apresentado uma estimativa de 6,3 milhões de novos subscritores.

O aumento dos subscritores aconteceu principalmente fora dos Estados Unidos, mas mesmo aí, onde a base de clientes já está mais consolidada, houve cerca de dois milhões de novos assinantes do serviço

Numa fase em que a empresa aposta em realizar grandes volumes de investimento em conteúdos (o que foi a justificação dada para o aumento de preços), este número era considerado fundamental para avaliar a sustentabilidade desta estratégia. Por isso, a reacção dos mercados foi, nas primeiras horas após o anúncio dos resultados, bastante positiva.

Ainda nas transacções fora do horário do mercado, as acções do Netflix subiram 16%, o que colocou o valor da empresa pela primeira vez acima dos 100 mil milhões de dólares.

Ainda assim, são difíceis os desafios que a empresa enfrenta, avisam diversos analistas. Os elevados volumes de investimento que são feitos em conteúdo são uma resposta do Netflix ao reforço da concorrência a que se tem vindo a assistir e que poderá intensificar-se ainda mais nos próximos anos.  Por exemplo, a Disney, que está em pleno processo de compra da Fox, já anunciou que, a partir de 2019, deixará de vender conteúdos seus ao Netflix, assumindo-se claramente como um concorrente.

Na apresentação de resultados, a empresa deu ainda conta da existência de uma perda extraordinária de 39 milhões de euros relacionada com “conteúdos não lançados com que se decidiu não avançar”. Aquilo que estará em causa é o cancelamento de episódios da série House of Cards, na sequência do escândalo de assédio sexual em que esteve envolvido o protagonista, Kevin Spacey.